segunda-feira, fevereiro 25, 2013
Eleições italianas
A Itália encaminha-se para mais uma anomalia. Anomalias de que é feito o país, praticamente desde a sua fundação no final do século XIX. A anomalia actual consiste em várias anomalias: Berlusconi que ainda consegue quase 30% dos votos, apesar de ser uma gravíssima anedota, uma vergonha de projecção internacional; os partidos da normalidade, de centro esquerda, exaustos, chegam também a cerca de 30%, apesar de terem estado na oposição nos últimos anos; Mario Monti, uma espécie de Troika sem Troika, fez um partido à pressa e conseguiu menos de 10%; “last but not the least”, um tipo chamado Beppe Grillo que cospe discursos anti-sistema e populistas, comediante tipo-Herman José, consegue mais ou menos 25%. Depois, independentemente da expressão da vontade dos cidadãos, desde 2005, a Lei Eleitoral italiana serve para impedir a constituição de maiorias claras. Assim, todos os acólitos da política podem continuar a sugar os recursos públicos. Há muitas clientelas, velhas ou novas, a satisfazer. Em Itália existe Parlamento e Senado. Parece que o centro-esquerda, liderado por Bersani, ganhará o Parlamento, enquanto estará em minoria no Senado, o qual pode boicotar o governo que possa resultar do Parlamento. Ou seja, uma confusão digna de spaghetti. Noutras palavras: um país ingovernável! Com a particularidade de ser “apenas” um dos quatro maiores países da União Europeia, um dos seus fundadores, no meio de uma crise profunda do país e da própria UE. A enorme confusão italiana não ajudará a resolver os problemas crescentes da desintegração europeia. Dito isto, pode dizer-se que, em Itália, tudo isto é “déjà vu”. Itália não é um exemplo de estabilidade política, sobretudo depois da II Guerra Mundial. Talvez seja um dos países do mundo com maior número de mudanças de governo. A Itália tem uma enorme qualidade que também é um grande defeito: sabe auto-governar-se...
segunda-feira, fevereiro 18, 2013
Os talibans da Comissão
Quem manda na Comissão Europeia não são os políticos. Esses – os comissários – até podem ter muito boas intenções para ajudar os países em dificuldade. Mas quem manda são os técnicos, ou melhor, o nível intermédio da tecnoestrutura de Bruxelas que, extremamente cioso dos seus conhecimentos académicos, defende rigidamente soluções técnicas não necessariamente compatíveis com a realidade concreta dos países a que se destinam. A tentativa de exercer pressão política sobre esses miúdos pode até ser perversa porque eles se rebelam e ficam ainda mais assanhados contra o que consideram ser a fisiológica incompetência dos políticos.
Talvez se deva arredondar este argumento porque, na verdade, os miúdos da Comissão, embutidos de diplomas, limitam-se a executar tecnicamente, da melhor maneira, políticas decididas a montante pelos Estados Membros e pelo Parlamento Europeu. Não se pode decidir mal nesses patamares (por exemplo, tomar decisões que, na pratica, conduzem à fractura da Europa entre Norte e Sul) e depois pretender permissividade e entorse relativamente aos detalhes por parte dos técnicos. Percebo que eles mostrem as garras para resistir a tal prostituição.
Talvez se deva arredondar este argumento porque, na verdade, os miúdos da Comissão, embutidos de diplomas, limitam-se a executar tecnicamente, da melhor maneira, políticas decididas a montante pelos Estados Membros e pelo Parlamento Europeu. Não se pode decidir mal nesses patamares (por exemplo, tomar decisões que, na pratica, conduzem à fractura da Europa entre Norte e Sul) e depois pretender permissividade e entorse relativamente aos detalhes por parte dos técnicos. Percebo que eles mostrem as garras para resistir a tal prostituição.
domingo, fevereiro 17, 2013
Os do poleiro e os outros
A resignação da maior parte dos portugueses, a sua
disponibilidade para acreditar na enésima história da carochinha, a forma
saloia como aderem às promessas dos que contribuiram decisivamente para o estado
a que isto chegou, tudo isso nem sequer é surpreendente. É apenas lamentável.
Será falta de alternativas credíveis? Será preguiça em dar a volta por cima
como Povo. Porque os mais desesperados, ousados ou tontos safam-se deixando o
país para trás (ver post anterior sobre a nova emigração).
Se o país sair depressa do pesadelo, depois do Povo ter demonstrado tanto masoquismo, a questão que se coloca é a de saber porque é que essa capacidade colectiva de aguentar não se pode converter em capacidade colectiva de criar, de inovar, de progredir. O problema não pode ser apenas o desgoverno endémico. Porque o desgoverno é provocado por líderes saídos de onde? Escolhidos por quem? A culpa não pode ser sempre dos que estão no poleiro.
Se o país sair depressa do pesadelo, depois do Povo ter demonstrado tanto masoquismo, a questão que se coloca é a de saber porque é que essa capacidade colectiva de aguentar não se pode converter em capacidade colectiva de criar, de inovar, de progredir. O problema não pode ser apenas o desgoverno endémico. Porque o desgoverno é provocado por líderes saídos de onde? Escolhidos por quem? A culpa não pode ser sempre dos que estão no poleiro.
La « stupidité fonctionnelle » à l’origine de la crise financière
Citado de Le Monde:
Les entreprises de services financiers n'encouragent pas leurs employés à utiliser toutes leurs capacités intellectuelles. Pis, ce "management par la stupidité" serait à l'origine de la crise financière de la City, selon une nouvelle étude rédigée par les professeurs Andre Spicer (de la City University de Londres) et Mats Alvesson (de l'université de Lund, en Suède).
Selon cette théorie de la "stupidité fonctionnelle", le monde de la finance serait dicté par le "fais d'abord, réfléchis après". Une attitude qui tend à écarter les questions gênantes, et les longues réflexions sur les actions des salariés – alors même qu'on attend d'eux de grandes compétences.
"De nombreuses entreprises, où l'intelligence des employés est primordiale, telles que les banques et les sociétés de services professionnels, assurent que les compétences sont à la base de leurs activités, écrit Andre Spicer. Cependant, en y regardant de plus près (…, ces entreprises incitent des personnes très intelligentes à ne pas mettre à profit l'ensemble de leurs capacités intellectuelles. Au lieu de cela, les employés sont supposés ne pas trop réfléchir et simplement faire leur travail."
La stupidité fonctionnelle sert en fait à maintenir et renforcer l'ordre dans ces entreprises, ainsi qu'à créer de bons rapports avec les autres salariés en période de croissance. Pas de question, pas de doute : la confiance amène son lot de bienveillance. En cas de crise, en revanche, cette "lobotomisation" empêche le salarié de sortir des sentiers battus. On évite toute confrontation qui pourrait être constructive. L'étude conclut en soulignant à quel point les capacités cognitives des individus sont limitées dès que s'instaurent des relations de domination au lieu de faire appel aux ressources et compétences des individus.
Les entreprises de services financiers n'encouragent pas leurs employés à utiliser toutes leurs capacités intellectuelles. Pis, ce "management par la stupidité" serait à l'origine de la crise financière de la City, selon une nouvelle étude rédigée par les professeurs Andre Spicer (de la City University de Londres) et Mats Alvesson (de l'université de Lund, en Suède).
Selon cette théorie de la "stupidité fonctionnelle", le monde de la finance serait dicté par le "fais d'abord, réfléchis après". Une attitude qui tend à écarter les questions gênantes, et les longues réflexions sur les actions des salariés – alors même qu'on attend d'eux de grandes compétences.
"De nombreuses entreprises, où l'intelligence des employés est primordiale, telles que les banques et les sociétés de services professionnels, assurent que les compétences sont à la base de leurs activités, écrit Andre Spicer. Cependant, en y regardant de plus près (…, ces entreprises incitent des personnes très intelligentes à ne pas mettre à profit l'ensemble de leurs capacités intellectuelles. Au lieu de cela, les employés sont supposés ne pas trop réfléchir et simplement faire leur travail."
La stupidité fonctionnelle sert en fait à maintenir et renforcer l'ordre dans ces entreprises, ainsi qu'à créer de bons rapports avec les autres salariés en période de croissance. Pas de question, pas de doute : la confiance amène son lot de bienveillance. En cas de crise, en revanche, cette "lobotomisation" empêche le salarié de sortir des sentiers battus. On évite toute confrontation qui pourrait être constructive. L'étude conclut en soulignant à quel point les capacités cognitives des individus sont limitées dès que s'instaurent des relations de domination au lieu de faire appel aux ressources et compétences des individus.
A "fantástica" nova emigração portuguesa vista de Espanha
Citado de El Pais:
En los dos últimos años, cerca de 200.000 portugueses han emigrado en busca de una salida a la ratonera de la crisis. La mayoría no son jóvenes ultra-cualificados o ingenieros políglotas. La mayoría son como Joaquim Rosa, de 37 años, operario de grúa: en paro desde hace casi dos años, con la mujer en paro también desde hace meses, con un hijo adolescente, una hipoteca de 400 euros y unos ingresos mensuales de 2.000 euros procedentes de sendos subsidios de desempleo que en muy poco tiempo quedarán peligrosamente reducidos a la mitad. La mayoría de esos 100.000 portugueses que, obedeciendo a un viejo impulso que casi viaja en la sangre de este pueblo, abandonan su país cada año tienen este perfil, según advierte José Cesáreo, secretario de Estado de las Comunidades Portuguesas: obreros de la construcción que saltan de obra a obra y de un país a otro; camareros que acuden donde sea o limpiadores de lo que haga falta. Muchos de ellos se embarcan en aventuras de cierto riesgo que, debido a la desinformación, la prisa y a la pura desesperación, acaban mal. De ahí que el Gobierno portugués haya revitalizado una campaña —lanzada hace un año— encaminada a alertar a los portugueses de los peligros que esconde un viaje apresurado, mal planificado y emprendido sin haber firmado un contrato o sin ni siquiera haberse informado de las condiciones de vida del país de destino. “Muchos acaban en la calle, en Francia, en Luxemburgo o en Inglaterra. Y a muchos ha tenido que ser la embajada los que los repatríe porque no tienen dinero para el viaje de vuelta”, explica Cesáreo. Joaquim Rosa se fio de un anuncio de Internet en el que le prometían un trabajo en EE UU de gruísta pagado con 4.000 euros al mes. Eso sí: debía de abonar previamente 300 euros para formalizar el contrato y esperar un día determinado en Lisboa para recibir los billetes del avión a Boston. Él y un amigo se lo creyeron. Pagaron, fueron a Lisboa y allí, naturalmente, no encontraron a nadie. “Fue, tal vez, la desesperación de ver que el tiempo del subsidio se me acaba. De la prisa por encontrar algo”, explica Rosa compungido, arrepentido, casi infantil, en el local del Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Mareiras e Materiais de Construção de Portugal, en Oporto. “En el fondo, tuvieron suerte. Podía haber sido peor: muchos trabajadores se dejan engañar por ciertas mafias que les prometen un trabajo en Francia, Suiza o Luxemburgo. Cuando llegan allí, no hay nada, no hay nadie y se ven en calle”, explica Albano Ribeiro, presidente de este sindicato. Hace un año, la alarma saltó en Suiza. Sus calles y sus albergues se llenaron de portugueses que buscaban desesperadamente un trabajo sin nada, algunos con la familia a cuestas. Lo peor parece haber pasado, según explica Aloísio Manuel, un sacerdote portugués radicado en Lucerna. Con todo, hace una semana, el Gobierno suizo advirtió de que está dispuesto a endurecer los requisitos para acoger emigrantes portugueses, italianos o españoles, según aseguraba el diario francés Les Echos citando fuentes oficiales. En Luxemburgo, donde reside una colonia estable de cerca de 100.000 portugueses, la marea parece haberse contenido también. Aunque no del todo. Así lo explica por teléfono Belmiro Narino, también sacerdote (la iglesia portuguesa, hecha a lo largo de los años a las cuestiones de la inmigración, funciona como una suerte de mini-embajada para las masivas colonias de emigrantes lusos en Europa y África): “Lo más grave ocurrió desde octubre a diciembre. Llegaban diciendo que les habían invitado familiares que luego no aparecían. Era su manera de acudir a la parroquia para que les ayudáramos. Y ayudamos a muchos a encontrar trabajos en restaurantes y en tareas de limpieza”. Y añade: "Ya se nota una saturación en la administración luxemburguesa. Prefieren acoger a cualquier refugiado político, venga de donde venga, que portugueses. Hay albergues que los recogen, así como centros de beneficencia que los atiende. De noche, todos tienen abrigo, creo. Ahora lo que vienen son profesores que aceptan lo que sea. Esta semana hemos logrado colocar a cuatro profesores en restaurantes, en tareas de limpieza. Pero cada vez es más difícil. Ya no hay trabajo”. La secretaría de Estado de las Comunidades, y el sindicato de la Construcción tienen noticia de marineros portugueses explotados y abandonados a su suerte en puertos europeos, o de obreros obligados a trabajar por precios muy por debajo de lo acordado. “Luego pasa otra cosa”, añade Cesáreo. “Hay gente de clase media portuguesa que, empujada por el paro, se marcha a Inglaterra o Francia creyendo que con un sueldo, por ejemplo, de 2.000 euros, van a vivir bien, porque en Portugal se puede vivir decentemente con eso. Pero tal vez en París o en Londres no, porque todo cuesta mucho más. Por eso en los folletos de la campaña, individualizados por países, ponemos el precio de las cosas”. En Angola, destino de más de 25.000 portugueses el año pasado, la situación parece más controlada, según Cesáreo, debido a que los trabajadores, en este caso, tienen más atadas sus condiciones de trabajo antes de partir. Y a que —en este caso sí— muchos de los portugueses que emigran a esta antigua colonia de crecimiento galopante (un 10% del PIB), gracias al petróleo,sí que responden a ese perfil más técnico y cualificado. Algunos recuerdan la dolorosa emigración portuguesa de los años 60 a Alemania o a Francia. “Aunque, creo, entonces se preparaban más las cosas. Ahora, muchas veces, se coge un avión en un impulso y luego allí, llega la desesperación”, explica Francisco Sales Diniz, director de la Obra Católica Portuguesa de Migraçoes. Dentro de unos días, el sindicalista Albano Ribeiro viajará a Canadá para conseguir buenas condiciones de trabajo para los obreros de la construcción portugueses. “Ésa es la manera de hacer las cosas. Aunque pronto tendremos más afiliados fuera del país que dentro”, dice. También buscará empleo para que gente como Joaquim Rosa deje de mirar con espanto en el calendario la fecha en que dejará de cobrar el subsidio del paro y su vida se empobrecerá aún más.
En los dos últimos años, cerca de 200.000 portugueses han emigrado en busca de una salida a la ratonera de la crisis. La mayoría no son jóvenes ultra-cualificados o ingenieros políglotas. La mayoría son como Joaquim Rosa, de 37 años, operario de grúa: en paro desde hace casi dos años, con la mujer en paro también desde hace meses, con un hijo adolescente, una hipoteca de 400 euros y unos ingresos mensuales de 2.000 euros procedentes de sendos subsidios de desempleo que en muy poco tiempo quedarán peligrosamente reducidos a la mitad. La mayoría de esos 100.000 portugueses que, obedeciendo a un viejo impulso que casi viaja en la sangre de este pueblo, abandonan su país cada año tienen este perfil, según advierte José Cesáreo, secretario de Estado de las Comunidades Portuguesas: obreros de la construcción que saltan de obra a obra y de un país a otro; camareros que acuden donde sea o limpiadores de lo que haga falta. Muchos de ellos se embarcan en aventuras de cierto riesgo que, debido a la desinformación, la prisa y a la pura desesperación, acaban mal. De ahí que el Gobierno portugués haya revitalizado una campaña —lanzada hace un año— encaminada a alertar a los portugueses de los peligros que esconde un viaje apresurado, mal planificado y emprendido sin haber firmado un contrato o sin ni siquiera haberse informado de las condiciones de vida del país de destino. “Muchos acaban en la calle, en Francia, en Luxemburgo o en Inglaterra. Y a muchos ha tenido que ser la embajada los que los repatríe porque no tienen dinero para el viaje de vuelta”, explica Cesáreo. Joaquim Rosa se fio de un anuncio de Internet en el que le prometían un trabajo en EE UU de gruísta pagado con 4.000 euros al mes. Eso sí: debía de abonar previamente 300 euros para formalizar el contrato y esperar un día determinado en Lisboa para recibir los billetes del avión a Boston. Él y un amigo se lo creyeron. Pagaron, fueron a Lisboa y allí, naturalmente, no encontraron a nadie. “Fue, tal vez, la desesperación de ver que el tiempo del subsidio se me acaba. De la prisa por encontrar algo”, explica Rosa compungido, arrepentido, casi infantil, en el local del Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Mareiras e Materiais de Construção de Portugal, en Oporto. “En el fondo, tuvieron suerte. Podía haber sido peor: muchos trabajadores se dejan engañar por ciertas mafias que les prometen un trabajo en Francia, Suiza o Luxemburgo. Cuando llegan allí, no hay nada, no hay nadie y se ven en calle”, explica Albano Ribeiro, presidente de este sindicato. Hace un año, la alarma saltó en Suiza. Sus calles y sus albergues se llenaron de portugueses que buscaban desesperadamente un trabajo sin nada, algunos con la familia a cuestas. Lo peor parece haber pasado, según explica Aloísio Manuel, un sacerdote portugués radicado en Lucerna. Con todo, hace una semana, el Gobierno suizo advirtió de que está dispuesto a endurecer los requisitos para acoger emigrantes portugueses, italianos o españoles, según aseguraba el diario francés Les Echos citando fuentes oficiales. En Luxemburgo, donde reside una colonia estable de cerca de 100.000 portugueses, la marea parece haberse contenido también. Aunque no del todo. Así lo explica por teléfono Belmiro Narino, también sacerdote (la iglesia portuguesa, hecha a lo largo de los años a las cuestiones de la inmigración, funciona como una suerte de mini-embajada para las masivas colonias de emigrantes lusos en Europa y África): “Lo más grave ocurrió desde octubre a diciembre. Llegaban diciendo que les habían invitado familiares que luego no aparecían. Era su manera de acudir a la parroquia para que les ayudáramos. Y ayudamos a muchos a encontrar trabajos en restaurantes y en tareas de limpieza”. Y añade: "Ya se nota una saturación en la administración luxemburguesa. Prefieren acoger a cualquier refugiado político, venga de donde venga, que portugueses. Hay albergues que los recogen, así como centros de beneficencia que los atiende. De noche, todos tienen abrigo, creo. Ahora lo que vienen son profesores que aceptan lo que sea. Esta semana hemos logrado colocar a cuatro profesores en restaurantes, en tareas de limpieza. Pero cada vez es más difícil. Ya no hay trabajo”. La secretaría de Estado de las Comunidades, y el sindicato de la Construcción tienen noticia de marineros portugueses explotados y abandonados a su suerte en puertos europeos, o de obreros obligados a trabajar por precios muy por debajo de lo acordado. “Luego pasa otra cosa”, añade Cesáreo. “Hay gente de clase media portuguesa que, empujada por el paro, se marcha a Inglaterra o Francia creyendo que con un sueldo, por ejemplo, de 2.000 euros, van a vivir bien, porque en Portugal se puede vivir decentemente con eso. Pero tal vez en París o en Londres no, porque todo cuesta mucho más. Por eso en los folletos de la campaña, individualizados por países, ponemos el precio de las cosas”. En Angola, destino de más de 25.000 portugueses el año pasado, la situación parece más controlada, según Cesáreo, debido a que los trabajadores, en este caso, tienen más atadas sus condiciones de trabajo antes de partir. Y a que —en este caso sí— muchos de los portugueses que emigran a esta antigua colonia de crecimiento galopante (un 10% del PIB), gracias al petróleo,sí que responden a ese perfil más técnico y cualificado. Algunos recuerdan la dolorosa emigración portuguesa de los años 60 a Alemania o a Francia. “Aunque, creo, entonces se preparaban más las cosas. Ahora, muchas veces, se coge un avión en un impulso y luego allí, llega la desesperación”, explica Francisco Sales Diniz, director de la Obra Católica Portuguesa de Migraçoes. Dentro de unos días, el sindicalista Albano Ribeiro viajará a Canadá para conseguir buenas condiciones de trabajo para los obreros de la construcción portugueses. “Ésa es la manera de hacer las cosas. Aunque pronto tendremos más afiliados fuera del país que dentro”, dice. También buscará empleo para que gente como Joaquim Rosa deje de mirar con espanto en el calendario la fecha en que dejará de cobrar el subsidio del paro y su vida se empobrecerá aún más.
Uma das últimas decisões de Ratzinger
Citado de El Pais:
Debajo de su piadoso nombre, Instituto para las Obras de Religión, el banco del Vaticano esconde un tormentoso pasado de crímenes y conexiones con la Mafia y un presente no mucho más limpio de blanqueo de capitales. Debajo, en fin, de las bellas palabras que el secretario de Estado, monseñor Tarcisio Bertone, dirigió a Benedicto XVI durante la celebración del Miércoles de Ceniza se esconde una vieja guerra de poder llevada hasta el límite mismo de la renuncia. El nombramiento in extremis del barón Ernst Von Freyberg, caballero de la poderosa Orden de Malta y constructor de buques de guerra, como nuevo presidente del banco del Vaticano supone sin lugar a dudas el capítulo final de esa guerra. En el sagrado reino de los símbolos y la diplomacia, resulta revelador que la última decisión de Ratzinger como Papa haya sido quitarle la llave del dinero a su fraternal enemigo Bertone. Se trata de un auténtico ajuste de cuentas. Hace nueve meses —el 24 de mayo de 2011— fue el cardenal Bertone, de 78 años, quien se la jugó al Papa con la destitución del anterior presidente del IOR, el banquero Ettore Gotti Tedeschi. La caza de Gotti Tedeschi, amigo personal de Ratzinger, por parte de Bertone incluyó algunos episodios que reflejan muy bien la crueldad de las guerras vaticanas. El banquero, de 67 años, padre de cinco hijos, representante del Grupo Santander en Italia y miembro del Opus Dei, había llegado a la cumbre del IOR en septiembre de 2009 con el encargo de situar al banco en disposición de cumplir la normativa europea sobre blanqueo de capitales. Gotti Tedeschi se lo tomó tan en serio que empezó a colaborar con las autoridades italianas ante la sospecha de que el IOR seguía siendo una inmensa lavadora de dinero negro. Fue su primer error. El segundo fue oponerse a los deseos de Bertone de utilizar el dinero vaticano para salvar de la quiebra el Hospital San Raffaele de Milán, fundado por el cura y médico Luigi Verzè, gran amigo de Silvio Berlusconi y de su turbia maquinaria de poder —el Vaticano apoya ahora a Mario Monti, pero durante el berlusconismo vivió años muy prósperos y felices—. El caso es que Gotti Tedeschi jugó con fuego y se quemó. La pira la preparó personalmente un misterioso personaje llamado Marco Simeon, de 33 años, dueño de una fulgurante carrera gracias a la protección, no menos misteriosa, del cardenal Tarcisio Bertone. Simeon ya aparece relacionado con negocios turbios en el informe —posteriormente filtrado entre los papales del escándalo Vatileaks— que hace llegar monseñor Carlo María Viganò a Joseph Ratzinger advirtiéndole de la corrupción creciente que golpea al Vaticano. En aquella misiva, Viganò le pedía al Papa que lo mantuviese al frente del Governatorato —el departamento que se encarga de licitaciones y abastecimientos— para frenar las prácticas ilegales, pero Bertone decidió mandarlo a Estados Unidos y Ratzinger, que dicen que lloró con aquella decisión, no fue capaz de contradecir a su secretario de Estado. Ante la posibilidad de que Gotti Tedeschi abriera a los investigadores la caja fuerte del IOR —verdadero sanctasantórum de los secretos de Italia y el Vaticano—, Marco Simeon, que ya lucía como director de la RAI Vaticano, pidió a un psicólogo que redactara un informe sobre “el comportamiento extraño” del presidente del banco. El psicólogo ni siquiera habló con Gotti Tedeschi, solo lo observó de lejos en la Navidad de 2011, pero eso fue suficiente para hacer correr entre la Curia el bulo de que el banquero había perdido el oremus y que podía meter a la Iglesia –y a Italia— en un lío si decidía revelar los nombres que se esconden tras las cuentas cifradas del banco del Vaticano. La operación de acoso y derribo contra el anterior presidente del IOR se saldó con su despido fulminante el pasado 24 mayo, al socaire de la detención de Paolo Gabriele, el mayordomo del Papa, acusado de difundir los documentos secretos. Según la prensa italiana, Gotti Tedeschi culparía de su desgracia a una conspiración de la logia masónica Propaganda 4 o P4, de la que formaría parte Marco Simeon. Al ser preguntado por el asunto, el protegido del cardenal Bertone se limitó a decir: “No formo parte de la P4, pero la masonería es un elemento fundamental del poder en Italia”. También es dueño de una frase que resume muy bien el tablao sobre el que baila la historia en esta parte del Tíber: “ El secreto es poder y el Vaticano enseña que quien sabe no habla, y quien habla no sabe. Yo nunca digo demasiado”. No deja de ser significativo que la operación del Papa por situar al frente del banco al barón Von Freyberg haya coincidido con la caída en desgracia del joven protegido de Bertone, descabalgado de la dirección de RAI Vaticano. Lo más llamativo de la venganza de Joseph Ratzinger —los fieles se harán cruces con la expresión, pero cómo llamarla si no— es que ha sido ejecutada en el tiempo de descuento y a la vista de todos. No es extraño que las palabras vayan por un lado y los hechos por otro, pero la operación por retomar el control del dinero de la Iglesia demasiado evidente. Aunque se haya presentado bajo un disfraz perfecto —o casi perfecto— de transparencia. Para sustituir a Gotti Tedeschi, el Vaticano contrató los servicios de una conocida agencia de cazatalentos, Spencer & Stuart, de Frankfurt. La primera selección fue de 40 candidatos, luego quedaron seis y finalmente, tres. Sobre estos tres pugnaron durante los últimos días las distintas familias vaticanas, e incluso durante la semana se dijo que el financiero belga Bernard De Corte —al parecer el candidato de Bertone— había sido el elegido. El viernes finalmente salió a la luz que no, que fue el agraciado había sido el barón Von Freyber. Siempre habrá maliciosos que piensen que el hecho de que el barón sea alemán, como Benedicto XVI, o caballero de la poderosa Orden de Malta, fundada en 1048 y cuya sede está en Roma, haya podido jugar de forma determinante, por encima incluso de su reconocida solvencia profesional —es abogado y dirige unos astilleros que entre sus quehaceres fabrican fragatas de guerra para Alemania—, de su manejo de cuatro idiomas o de su dedicación a las obras de caridad. También habrá quien crea que el Papa, después de haber contemplado durante casi ocho años la impúdica conexión del Vaticano con los peores exponentes de la política italiana, haya querido evitar a toda costa que sea un hombre a las órdenes del cardenal Bertone el que maneje oscuramente los dineros de la Iglesia. Siempre habrá quien sospeche que Joseph Ratzinger, en su retirada, podría haber tenido un gesto más espiritual que empeñar su último aliento como Papa en recuperar las llaves del dinero.
Debajo de su piadoso nombre, Instituto para las Obras de Religión, el banco del Vaticano esconde un tormentoso pasado de crímenes y conexiones con la Mafia y un presente no mucho más limpio de blanqueo de capitales. Debajo, en fin, de las bellas palabras que el secretario de Estado, monseñor Tarcisio Bertone, dirigió a Benedicto XVI durante la celebración del Miércoles de Ceniza se esconde una vieja guerra de poder llevada hasta el límite mismo de la renuncia. El nombramiento in extremis del barón Ernst Von Freyberg, caballero de la poderosa Orden de Malta y constructor de buques de guerra, como nuevo presidente del banco del Vaticano supone sin lugar a dudas el capítulo final de esa guerra. En el sagrado reino de los símbolos y la diplomacia, resulta revelador que la última decisión de Ratzinger como Papa haya sido quitarle la llave del dinero a su fraternal enemigo Bertone. Se trata de un auténtico ajuste de cuentas. Hace nueve meses —el 24 de mayo de 2011— fue el cardenal Bertone, de 78 años, quien se la jugó al Papa con la destitución del anterior presidente del IOR, el banquero Ettore Gotti Tedeschi. La caza de Gotti Tedeschi, amigo personal de Ratzinger, por parte de Bertone incluyó algunos episodios que reflejan muy bien la crueldad de las guerras vaticanas. El banquero, de 67 años, padre de cinco hijos, representante del Grupo Santander en Italia y miembro del Opus Dei, había llegado a la cumbre del IOR en septiembre de 2009 con el encargo de situar al banco en disposición de cumplir la normativa europea sobre blanqueo de capitales. Gotti Tedeschi se lo tomó tan en serio que empezó a colaborar con las autoridades italianas ante la sospecha de que el IOR seguía siendo una inmensa lavadora de dinero negro. Fue su primer error. El segundo fue oponerse a los deseos de Bertone de utilizar el dinero vaticano para salvar de la quiebra el Hospital San Raffaele de Milán, fundado por el cura y médico Luigi Verzè, gran amigo de Silvio Berlusconi y de su turbia maquinaria de poder —el Vaticano apoya ahora a Mario Monti, pero durante el berlusconismo vivió años muy prósperos y felices—. El caso es que Gotti Tedeschi jugó con fuego y se quemó. La pira la preparó personalmente un misterioso personaje llamado Marco Simeon, de 33 años, dueño de una fulgurante carrera gracias a la protección, no menos misteriosa, del cardenal Tarcisio Bertone. Simeon ya aparece relacionado con negocios turbios en el informe —posteriormente filtrado entre los papales del escándalo Vatileaks— que hace llegar monseñor Carlo María Viganò a Joseph Ratzinger advirtiéndole de la corrupción creciente que golpea al Vaticano. En aquella misiva, Viganò le pedía al Papa que lo mantuviese al frente del Governatorato —el departamento que se encarga de licitaciones y abastecimientos— para frenar las prácticas ilegales, pero Bertone decidió mandarlo a Estados Unidos y Ratzinger, que dicen que lloró con aquella decisión, no fue capaz de contradecir a su secretario de Estado. Ante la posibilidad de que Gotti Tedeschi abriera a los investigadores la caja fuerte del IOR —verdadero sanctasantórum de los secretos de Italia y el Vaticano—, Marco Simeon, que ya lucía como director de la RAI Vaticano, pidió a un psicólogo que redactara un informe sobre “el comportamiento extraño” del presidente del banco. El psicólogo ni siquiera habló con Gotti Tedeschi, solo lo observó de lejos en la Navidad de 2011, pero eso fue suficiente para hacer correr entre la Curia el bulo de que el banquero había perdido el oremus y que podía meter a la Iglesia –y a Italia— en un lío si decidía revelar los nombres que se esconden tras las cuentas cifradas del banco del Vaticano. La operación de acoso y derribo contra el anterior presidente del IOR se saldó con su despido fulminante el pasado 24 mayo, al socaire de la detención de Paolo Gabriele, el mayordomo del Papa, acusado de difundir los documentos secretos. Según la prensa italiana, Gotti Tedeschi culparía de su desgracia a una conspiración de la logia masónica Propaganda 4 o P4, de la que formaría parte Marco Simeon. Al ser preguntado por el asunto, el protegido del cardenal Bertone se limitó a decir: “No formo parte de la P4, pero la masonería es un elemento fundamental del poder en Italia”. También es dueño de una frase que resume muy bien el tablao sobre el que baila la historia en esta parte del Tíber: “ El secreto es poder y el Vaticano enseña que quien sabe no habla, y quien habla no sabe. Yo nunca digo demasiado”. No deja de ser significativo que la operación del Papa por situar al frente del banco al barón Von Freyberg haya coincidido con la caída en desgracia del joven protegido de Bertone, descabalgado de la dirección de RAI Vaticano. Lo más llamativo de la venganza de Joseph Ratzinger —los fieles se harán cruces con la expresión, pero cómo llamarla si no— es que ha sido ejecutada en el tiempo de descuento y a la vista de todos. No es extraño que las palabras vayan por un lado y los hechos por otro, pero la operación por retomar el control del dinero de la Iglesia demasiado evidente. Aunque se haya presentado bajo un disfraz perfecto —o casi perfecto— de transparencia. Para sustituir a Gotti Tedeschi, el Vaticano contrató los servicios de una conocida agencia de cazatalentos, Spencer & Stuart, de Frankfurt. La primera selección fue de 40 candidatos, luego quedaron seis y finalmente, tres. Sobre estos tres pugnaron durante los últimos días las distintas familias vaticanas, e incluso durante la semana se dijo que el financiero belga Bernard De Corte —al parecer el candidato de Bertone— había sido el elegido. El viernes finalmente salió a la luz que no, que fue el agraciado había sido el barón Von Freyber. Siempre habrá maliciosos que piensen que el hecho de que el barón sea alemán, como Benedicto XVI, o caballero de la poderosa Orden de Malta, fundada en 1048 y cuya sede está en Roma, haya podido jugar de forma determinante, por encima incluso de su reconocida solvencia profesional —es abogado y dirige unos astilleros que entre sus quehaceres fabrican fragatas de guerra para Alemania—, de su manejo de cuatro idiomas o de su dedicación a las obras de caridad. También habrá quien crea que el Papa, después de haber contemplado durante casi ocho años la impúdica conexión del Vaticano con los peores exponentes de la política italiana, haya querido evitar a toda costa que sea un hombre a las órdenes del cardenal Bertone el que maneje oscuramente los dineros de la Iglesia. Siempre habrá quien sospeche que Joseph Ratzinger, en su retirada, podría haber tenido un gesto más espiritual que empeñar su último aliento como Papa en recuperar las llaves del dinero.
terça-feira, fevereiro 12, 2013
Capitalismo imobiliário
Taxas de juro baixas, rendimento disponível crescente, diversos incentivos financeiros e fiscais ao sector da construção, euforia das autarquias e promiscuidade com os interesses do dito sector da construção, permitindo especulação sobre terrenos reciclados por generosos e volúveis planos directores municipais… foram alguns dos factores que fizeram disparar moderadamente em Portugal (em comparação com a Espanha ou a Irlanda) o sector imobiliário no período 1990-2010. Neste momento, pelas razões bem conhecidas, relacionadas com o que nos levou à troika e com o que se está a aplicar para alegadamente nos fazer sair da troika, o sector está em agonia com declínio de obras, perda de postos de trabalho, desvalorização do metro quadrado, multiplicação de insolvências, perdas maciças de crédito por parte dos bancos, abandono ou despejo dos prédios em direcção a um mercado de arrendamento cheio de problemas e impasses. E aqui está uma chave da questão: o mercado de arrendamento, esquizofrénico entre a lógica do investimento privado e uma incontornável dimensão social que o Estado não sabe como gerir sem entrar em situações de "selecção negativa", eufemismo de oportunismos e abusos de diversos cambiantes. Para mim, o futuro da construção deveria passar pela reabilitação (mais do que pela construção nova) e pelo desenho de sistemas inteligentes e justos de apoio ao pagamento pelas famílias carenciadas de rendas de mercado que atraiam o investimento privado.
Promoção pelo Estado de uma capitalismo imobiliário como aconteceu na Grécia ou em Espanha? Figas canhoto! Esses não são exemplos para ninguém e muito menos no que toca ao sector imobiliário que, no caso da Espanha, esteve na base de uma incrível bolha especulativa que pôs de joelhos toda a economia e distribuiu benesses e luvas a rodos às mais suspeitas (e insuspeitas) personagens. As taxas de ocupação de novos empreendimentos são ridiculamente baixas e o preço do metro quadrado em Espanha têm baixado nos últimos 3-4 anos na ordem dos 30% por ano depois de ter subido durante vários anos a taxas de magnitude ainda maior. A percentagem de crédito malparado à construção atinge níveis alucinantes, acima de 20-30%. Assim, não há capital dos bancos que resista! O efeito riqueza negativo estende-se ao sector das famílias e das empresas desencadeando falências em massa.
Mas, a bolha imobiliária que se sucedeu a outras bolhas de má memória (ex. internet, commodities) não foi exclusiva dos chamados países periféricos, nem sequer da Europa. De facto, os únicos países da UE em que o preço do metro quadrado não tem baixado nos últimos 2-3 anos são a Bélgica e o Luxemburgo...
Esperemos pelo dia em que a armadilha de liquidez se desfaça e os preços dos activos toquem verdadeiramente o fundo para recomeçar uma nova FESTA. O voluntarismo incompetente dos Estados nas últimas décadas, ao serviço de certos lucros privados, tem servido apenas para amplificar o ciclo.
segunda-feira, fevereiro 11, 2013
A demissão do Papa
Vols, machinations, complots, trahisons, menaces : le Vatican aurait-il fait, ces dernières semaines, un saut dans les siècles passés ? Même la mort rôderait désormais dans les ruelles pavées de Rome, si l'on en croit l'ancien président de la banque du Vatican : promptement débarqué de son poste, le 23 mai, Ettore Gotti Tedeschi a assuré peu après "craindre pour sa vie".
Pas une année, ou presque, du pontificat de Benoît XVI n'aura été épargnée par des scandales et des révélations, qui ont teinté de noir les méthodes de gouvernement et les pratiques de certains hiérarques de "l'Eglise universelle". Ouvert en 2005 comme le règne de transition d'un pape âgé et peu entreprenant, ce pontificat confine, à certains égards, au tragique.
http://abonnes.lemonde.fr/europe/article/2013/02/11/le-pape-annonce-sa-demission-a-partir-du-28-fevrier_1830116_3214.html
domingo, fevereiro 10, 2013
Os mercados
Que coisa é essa a que chamam mercados, de que enchem a boca, de que têm um medo reverencial ou uma admiração ignorante? Que coisa é essa, tipo pesadelo que comanda a vida, que faz subir ou descer a esperança de alguns, que acende ou apaga luzes ao fim de túneis intermináveis? Que monstro é esse escondido em grandes torres de escritórios nas capitais que governam as finanças do planeta? Que polvo é esse que estende os tentáculos até ao mais pequeno meandro da vida de milhões de pessoas? Que magia é essa que, sem necessidade de planos, leis ou regulações, põe tudo em ordem ou se rebela contra a falta de sentido de certas (in)decisões políticas? Que presbítero é esse que pune ou perdoa os pecados de quem usa e abusa do dinheiro?
Pois bem, o mercado que compra e vende dezenas de milhões de euros de dívida pública, fazendo pagar mais ou menos aos Estados devedores, fazendo desviar mais ou menos dinheiro dos contribuintes para pagar juros, fazendo crer que estamos no princípio do fim da crise, para, logo no dia seguinte, através de vendas maciças que servem para encaixar lucros, nos recolocar no caminho das pedras, esse mercado, são alguns milhares de jovens à frente de ecrans repletos de gráficos, executando ordens de um punhado de investidores alojados em companhias de seguros, bancos, fundos soberanos. Umas centenas de pessoas em todo o mundo trocam informações ao minuto, criando dessa maneira um consenso que se traduz em ordens de compra ou de venda mais ou menos unilaterais conforme a nitidez das tendências associadas a esse consenso que podem ter pouco a ver com as tendências da realidade.
Estes mercados não rimam de todo com o modelo de concorrência perfeita que faria o mundo real funcionar no melhor dos mundos teóricos e cujos principais pressupostos seriam os seguintes: elevado número de compradores e vendedores sem que nenhum possa influenciar o preço de mercado; liberdade de entrada e saída do mercado; informação perfeita; produto homogéneo.
Os mercados da divida não julgam para além do cumprimento ou incumprimento de quem pediu emprestado.
Pois bem, o mercado que compra e vende dezenas de milhões de euros de dívida pública, fazendo pagar mais ou menos aos Estados devedores, fazendo desviar mais ou menos dinheiro dos contribuintes para pagar juros, fazendo crer que estamos no princípio do fim da crise, para, logo no dia seguinte, através de vendas maciças que servem para encaixar lucros, nos recolocar no caminho das pedras, esse mercado, são alguns milhares de jovens à frente de ecrans repletos de gráficos, executando ordens de um punhado de investidores alojados em companhias de seguros, bancos, fundos soberanos. Umas centenas de pessoas em todo o mundo trocam informações ao minuto, criando dessa maneira um consenso que se traduz em ordens de compra ou de venda mais ou menos unilaterais conforme a nitidez das tendências associadas a esse consenso que podem ter pouco a ver com as tendências da realidade.
Estes mercados não rimam de todo com o modelo de concorrência perfeita que faria o mundo real funcionar no melhor dos mundos teóricos e cujos principais pressupostos seriam os seguintes: elevado número de compradores e vendedores sem que nenhum possa influenciar o preço de mercado; liberdade de entrada e saída do mercado; informação perfeita; produto homogéneo.
Os mercados da divida não julgam para além do cumprimento ou incumprimento de quem pediu emprestado.
Menos Estado
Aqui está o curriculum de um dos maiores entusiastas dos estudos do FMI para reduzir as despesas do Estado:
http://www.startracking.org/home/speakersView.asp?c=6
http://www.portugal.gov.pt/pt/os-ministerios/primeiro-ministro/secretario-de-estado-adjunto-do-primeiro-ministro/conheca-a-equipa/secretario-de-estado/carlos-moedas.aspx
http://www.startracking.org/home/speakersView.asp?c=6
http://www.portugal.gov.pt/pt/os-ministerios/primeiro-ministro/secretario-de-estado-adjunto-do-primeiro-ministro/conheca-a-equipa/secretario-de-estado/carlos-moedas.aspx
sexta-feira, fevereiro 08, 2013
A forma e a importância da verdade
Ser transparente vai para além de ser rodeado de paredes de vidro. Há paredes de vidro que são apenas sinais de hipocrisia para transmitir uma imagem supostamente correcta, desmentida pela realidade. Expor-se em permanência pode não ser a melhor receita para dizer a verdade. Apenas se diz aquilo que a exposição permite. O resto fica bem guardado pelas melhores ou pelas piores razões, infringindo (ou não) princípios éticos. A verdade é um valor relativo que pode ser ultrapassado por outros valores mais altos na escala das virtudes. Platão descreveu em “A República” as quatro maiores virtudes: Prudência, Justiça, Força e Temperança.
terça-feira, fevereiro 05, 2013
Matemática? Não me lixem!
Um tipo apresenta um modelo matemático para demonstrar que, se o devedor entrar em falência, há uma probabilidade de 95% de o banco perder um máximo de x mil euros.
Um colega utiliza um modelo chamado Monte Carlo, baseado em hipóteses obviamente discutíveis (convenientes), para provar que uma certa empresa terá um lucro de y milhares de euros daqui a 20 anos com uma probabilidade de 90% e uma margem de erro de 5%.
Um professor universitário publica um trabalho altamente sofisticado com “resmas e pauletes” de regressões múltiplas para mostrar que quanto mais velho for um autarca menor a probabilidade de ser reeleito e que quanto menos dinheiro tiver uma Câmara Municipal menos despesas de investimento poderá realizar. Pois...
Exemplos do fetichismo da matemática, da tentação de algumas pessoas que se presumem muito inteligentes de capturar a realidade com sistemas de equações , de simplificar a complexidade da vida com aparato numérico, de contar as maiores banalidades com música de fundo supostamente científica. Há trabalhadores das ciências sociais que se deixam fascinar pela austeridade dos números, que substituem o risco dos erros de compreensão e o debate das ideias por fórmulas inegáveis mas simplesmente inúteis. Chamo-lhes cobardes ou ignorantes com revestimento matemático.
Não quero com isto dizer que se deva mandar a matemática para o lixo. É um instrumento poderoso de análise de dados e de formalização de teorias, mas não pode dispensar outras formas de leitura da realidade e de explicação das relações entre variáveis relevantes. Conclusões obvias baseadas em premissas falsas ou fantasiosas servem para quê? Pura brincadeira!
Talvez ainda mais criticável - a raiar o criminoso - é a utilização de modelos matemáticos para fazer ganhar ou perder, com a maior sofisticação e rapidez, somas colossais a individuos e instituições que não fazem a mais pequena ideia daquilo em que se metem, mas que se rendem, por vezes na maior ignorância, à perícia de fisicos e matemáticos postos ao serviço das indústrias do dinheiro, a troco do muito dinheiro que não ganhariam noutras indústrias e, menos ainda, na Universidade.
http://dealbook.nytimes.com/2013/02/05/financial-models-at-the-heart-of-lawsuit-against-s-p/
domingo, fevereiro 03, 2013
Subscrever:
Comentários (Atom)
