segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Eleições italianas

A Itália encaminha-se para mais uma anomalia. Anomalias de que é feito o país, praticamente desde a sua fundação no final do século XIX. A anomalia actual consiste em várias anomalias: Berlusconi que ainda consegue quase 30% dos votos, apesar de ser uma gravíssima anedota, uma vergonha de projecção internacional; os partidos da normalidade, de centro esquerda, exaustos, chegam também a cerca de 30%, apesar de terem estado na oposição nos últimos anos; Mario Monti, uma espécie de Troika sem Troika, fez um partido à pressa e conseguiu menos de 10%; “last but not the least”, um tipo chamado Beppe Grillo que cospe discursos anti-sistema e populistas, comediante tipo-Herman José, consegue mais ou menos 25%. Depois, independentemente da expressão da vontade dos cidadãos, desde 2005, a Lei Eleitoral italiana serve para impedir a constituição de maiorias claras. Assim, todos os acólitos da política podem continuar a sugar os recursos públicos. Há muitas clientelas, velhas ou novas, a satisfazer. Em Itália existe Parlamento e Senado. Parece que o centro-esquerda, liderado por Bersani, ganhará o Parlamento, enquanto estará em minoria no Senado, o qual pode boicotar o governo que possa resultar do Parlamento. Ou seja, uma confusão digna de spaghetti. Noutras palavras: um país ingovernável! Com a particularidade de ser “apenas” um dos quatro maiores países da União Europeia, um dos seus fundadores, no meio de uma crise profunda do país e da própria UE. A enorme confusão italiana não ajudará a resolver os problemas crescentes da desintegração europeia. Dito isto, pode dizer-se que, em Itália, tudo isto é “déjà vu”. Itália não é um exemplo de estabilidade política, sobretudo depois da II Guerra Mundial. Talvez seja um dos países do mundo com maior número de mudanças de governo. A Itália tem uma enorme qualidade que também é um grande defeito: sabe auto-governar-se...

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