Quem manda na Comissão Europeia não são os políticos. Esses – os comissários – até podem ter muito boas intenções para ajudar os países em dificuldade. Mas quem manda são os técnicos, ou melhor, o nível intermédio da tecnoestrutura de Bruxelas que, extremamente cioso dos seus conhecimentos académicos, defende rigidamente soluções técnicas não necessariamente compatíveis com a realidade concreta dos países a que se destinam. A tentativa de exercer pressão política sobre esses miúdos pode até ser perversa porque eles se rebelam e ficam ainda mais assanhados contra o que consideram ser a fisiológica incompetência dos políticos.
Talvez se deva arredondar este argumento porque, na verdade, os miúdos da Comissão, embutidos de diplomas, limitam-se a executar tecnicamente, da melhor maneira, políticas decididas a montante pelos Estados Membros e pelo Parlamento Europeu. Não se pode decidir mal nesses patamares (por exemplo, tomar decisões que, na pratica, conduzem à fractura da Europa entre Norte e Sul) e depois pretender permissividade e entorse relativamente aos detalhes por parte dos técnicos. Percebo que eles mostrem as garras para resistir a tal prostituição.
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