domingo, abril 17, 2011

Poeira

Poeira são partículas de mundo que repousam sobre o esquecimento.
Poeira é o paradoxo do inerte.
Poeira é um filtro que transgride a evidência.
A poeira desfoca a geometria do descanso.
A poeira desce, tropeçando na luz e deixa-se ficar, resignada, até que um sopro a incomode.
A poeira mexe-se, sem querer, até parar de novo, sem querer.
Vinda da finíssima desagregação das coisas.
A poeira é divina porque rigorosamente eterna.
Limita-se a mudar de forma e de lugar.
A poeira vive fastidiosamente à mercê de impulsos.
Odeio poeira.

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