O país é governado por uma vanguarda de iluminados que se impuseram a missão de modernizar Portugal através do esforço e da produtividade, que acham que é necessário criar a infraestrutura (material e imaterial) para que os portugueses se libertem finalmente da pobreza e do atraso. Essa vanguarda é extremamente convicta e partilha as ideias neo-liberais que implicam aumento da concorrência, espírito de iniciativa, eficiência, individualismo e ataque às corporações. Isso não seria contraditório com a pertença da maior parte desses missionários a um partido dito socialista.
Este modelo, sendo voluntarista e paternalista, opõe-se às teses da fatalidade do atraso português, pugnadas, por exemplo, por Pulido Valente que, fundamentalmente, acha que o grande mal de Portugal são apenas os portugueses e contra isso bem pouco há a fazer.
Essa apresentação das coisas também se distancia das teses mais ou menos populistas que dizem que o país é governado por um bando de privilegiados que se instalaram nos condomínios fechados de Lisboa e que observam o país como se fosse uma extensão dos centros comerciais da capital. Esses individuos teriam chegado a essa élite de fraca qualidade através das mais sórdidas traficâncias no seio dos dois principais partidos. E o objectivo principal desses condotieri é o de prolongar democraticamente as suas rendas e mordomias.
Sem comentários:
Enviar um comentário