Quando era pequeno e me falavam em “uma hora”, isso, para mim, era uma eternidade. Quando me diziam que qualquer coisa se iria passar dali a “uma semana”, isso, para mim, era uma vida inteira. Em cada ano, quando acabava o Natal, ficava triste porque o Natal voltava só dali a “um ano” e isso, para mim, era quase nunca mais. Punha-me a calcular quantos anos teria no ano 2000 e parecia-me impossível: não queria acreditar vir a ter a idade do meu pai. O tempo passava lentamente, com calma, o futuro era muito longe, as coisas pareciam não ter fim. E eu nunca acabaria, obviamente. Tinha tempo para tudo, para descansar e para me enganar, para cair e para me levantar.
Agora, quando me falam em daqui a “uma hora”, quase já passou. Quando se marca qualquer coisa para daqui a “uma semana”, é um instante. Os anos sucedem-se a uma velocidade estonteante e nem sequer há tempo para olhar para o espelho e descobrir a sumptuosidade de uma ruga. E no entanto, ficamos velhos e fracos e resignamo-nos, dizendo que não pode ser de outra maneira. E é verdade.
A vida é como um funil por onde se vai escorregando com uma rapidez crescente.
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