Em cada sociedade existem élites que detém os poderes económico, político, cultural, etc. Tendencialmente, a mesma élite concentra todos os poderes, mas também pode haver separação entre élites sectoriais. A élite cultural pode não coincidir com a económica, por exemplo. De qualquer modo, salvo em circunstâncias de ruptura excepcionais, as élites dialogam e interagem criando uma força mais ou menos homogénea de domínio e de controlo do conjunto da sociedade.
Um lugar nas élites obtém-se através do nascimento, da herança, do casamento, da ascenção social, do mérito. As élites defendem-se, criando cumplicidades no seu seio, traficando influências, alimentando um certo secretismo, em particular, em sistemas democráticos onde a fluidez da informação e o discurso da igualdade de oportunidades se podem tornar incómodos, não deixando escapar postos de comando para "new comers" indesejáveis. Pertencer à elite significa obedecer, pactuar, influenciar por trás de cortinas mais ou menos insuspeitas, gozar de privilégios e ceder privilégios a "pré-eleitos".
As élites dos países mais avançados, especialmente de cultura anglo-saxónica e matriz protestante, são exigentes em termos de selecção e pertença dos seus membros. Os factores aleatórios (como o nascimento ou a sorte) são combinados com aspectos mais ligados à meritocracia como o estudo, o trabalho, a iniciativa. Os países com maior mobilidade social apresentam naturalmente élites mais modernas e renovadas. Outros países ou regiões, cujo salto da Idade Média para a sociedade burguesa foi mais longo e mitigado, mantém uma grande predominância dos factores genéticos e aleatórios de acesso e pertença às élites. Nesses países, o nome de família e a cunha ("la raccomandazione", como dizem os Italianos, grandes campeões da cunha) fazem muito mais a diferença no acesso às benesses e ao poder.
1 comentário:
Pergunta: qual e' a diferenca entre:
1-) uma cunha
2-) la raccomandazione
3-) networking (aka "it's not what you know it's who you know)
Resposta (na minha humilde opiniao): semantica.
Alem disso, a mobilidade social nesses paises a que te referes como sendo anglo-saxonicos e protestantes e' cada vez menor. Cada vez e' mais dificil para o mais comum dos mortais sair da cepa torta.
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