Acho a vida de mosteiro uma acto de cobardia e de fuga à vida propriamente dita. Come-se bem, dorme-se bem, contempla-se, reza-se, não se têm preocupações com a mulher, o homem e os filhos, nunca se tem de contar os tostões até ao fim do mês, não há desemprego, filas de trânsito. É uma vida materialmente regalada. De tranquilidade e evasão em relação às dificuldades das pessoas comuns, esses sim verdadeiros soldados da vida real, não da "vida" tranquila da penumbra, da ascese e do recolhimento. O único grande tormento será a renúncia às coisas boas da vida de cá de fora como o sexo, a festa, o luxo, enfim, a alegria do quotidiano com pessoas normais. Tudo isso em nome de um diálogo mais estreito e permanente com Deus, de uma elevação espiritual e de um chamamento misterioso. Mas, será mesmo assim? Considerando as "devassidões" de tantos religiosos e religiosas, designadamente, em matéria sexual e pantagruélica, nem sequer essa renúncia se impõem esses soldados de Deus. Isto é: têm o melhor dos dois mundos, o que me parece profundamente injusto, apesar de apetecível... Por isso, não consigo perceber porque hesitam tantos jovens em tomar o caminho das vocações...
Naturalmente, este comentário não se aplica a muitos religiosos e religiosas genuínos e sinceros que se entregam ao serviço dos outros, renunciando ao conforto de igrejas, conventos e palácios. Caso dos missionários e de certas ordens que se dedicam inteiramente à ajuda aos mais carenciados, colocando, por vezes, em risco as suas vidas em contextos altamente perigosos para mitigar a miséria, a doença e o sofrimento de outros seres humanos. Essa generosidade aprecio-a e respeito-a, como acto individual, apesar de reconhecer as limitações do exercício em termos da sua eficácia para mudar sociedades num patamar baixo de desenvolvimento humano.
Isto agora a puxar o lado sensasionalista da questão... Havia, ou há, um convento qualquer em Conseixa onde também viviam freiras e padres, apesar de o grau de isolamento não ser tão grande como nas carmelitas. O que sucede é que não me parece que eles renunciassem assim tanto aos prazeres terrenos, porque há tempos foi lá uma equipa de arqueólogos e foram encontrados imensos esqueletos de recém nascidos. Agora pensem...
os conventos eram usados como forma de abandono das crianças, uma espécie de instituição de adopção back in the day. Não é assim tão chocante essa constatação.
4 comentários:
Se se calarem nas televisões com a conversa da irmã Lúcia até eu vou para as carmelitas!
E eu também. Pensando melhor...
Acho a vida de mosteiro uma acto de cobardia e de fuga à vida propriamente dita. Come-se bem, dorme-se bem, contempla-se, reza-se, não se têm preocupações com a mulher, o homem e os filhos, nunca se tem de contar os tostões até ao fim do mês, não há desemprego, filas de trânsito. É uma vida materialmente regalada. De tranquilidade e evasão em relação às dificuldades das pessoas comuns, esses sim verdadeiros soldados da vida real, não da "vida" tranquila da penumbra, da ascese e do recolhimento. O único grande tormento será a renúncia às coisas boas da vida de cá de fora como o sexo, a festa, o luxo, enfim, a alegria do quotidiano com pessoas normais. Tudo isso em nome de um diálogo mais estreito e permanente com Deus, de uma elevação espiritual e de um chamamento misterioso. Mas, será mesmo assim? Considerando as "devassidões" de tantos religiosos e religiosas, designadamente, em matéria sexual e pantagruélica, nem sequer essa renúncia se impõem esses soldados de Deus. Isto é: têm o melhor dos dois mundos, o que me parece profundamente injusto, apesar de apetecível... Por isso, não consigo perceber porque hesitam tantos jovens em tomar o caminho das vocações...
Naturalmente, este comentário não se aplica a muitos religiosos e religiosas genuínos e sinceros que se entregam ao serviço dos outros, renunciando ao conforto de igrejas, conventos e palácios. Caso dos missionários e de certas ordens que se dedicam inteiramente à ajuda aos mais carenciados, colocando, por vezes, em risco as suas vidas em contextos altamente perigosos para mitigar a miséria, a doença e o sofrimento de outros seres humanos. Essa generosidade aprecio-a e respeito-a, como acto individual, apesar de reconhecer as limitações do exercício em termos da sua eficácia para mudar sociedades num patamar baixo de desenvolvimento humano.
Isto agora a puxar o lado sensasionalista da questão... Havia, ou há, um convento qualquer em Conseixa onde também viviam freiras e padres, apesar de o grau de isolamento não ser tão grande como nas carmelitas. O que sucede é que não me parece que eles renunciassem assim tanto aos prazeres terrenos, porque há tempos foi lá uma equipa de arqueólogos e foram encontrados imensos esqueletos de recém nascidos. Agora pensem...
os conventos eram usados como forma de abandono das crianças, uma espécie de instituição de adopção back in the day. Não é assim tão chocante essa constatação.
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