Li
no outro dia um artigo sobre uma família americana (pai, mãe e 3 filhos) que
regressou às suas raízes depois de muitos anos a viver no estrangeiro mas que,
devido à crise actual, viu-se obrigada a viver numa casa com três gerações de
familiares (incluindo um tio de meia-idade). É um artigo muito elucidativo da
realidade actual, em que muitos jovens recém-formados se vêem forçados a regressar à casa dos pais em
vez de ser independentes, contrariando assim o que os jovens da minha geração (os pais dos actuais jovens) faziam
há 20/30 anos atrás. O problema é de
tal dimensão que estes jovens com elevado nível de escolaridade até já têm
alcunha: os miúdos bumerangue. Mas não são só jovens a viver debaixo das saias
dos pais quando já tinham idade e capacidade intelectual para viver as suas
próprias vidas. São também avós incapacitados para continuar a viver sós e sem
meios financeiros para pagar os preços astronómicos que são as mensalidades dos
lares de idosos.
Um estudo do Pew
Research Center intitulado "The Return of the Multi-Generational Family
Household”, indica que o número de lares com três ou mais gerações vivas é cada
vez maior e com tendências para aumentar:
Mas tratar-se-á mesmo
de um “problema?” É que muitas destas famílias, embora inicialmente relutantes,
acabam por reconhecer que esta estrutura familiar multigeracional também traz
benefícios; cada membro da família tem a sua própria função e todos se ajudam
mutuamente:
1-) Avós que ensinam História aos netos com relatos em
primeira mão.
2-) Avós que ensinam aos netos a “arte” da vida (frequentemente com mais tempo e
paciência do que os filhos).
3-) Netos que ensinam aos avós a “arte” das novas tecnologias e gíria actual.
4-) Netos que injectam uma
dose de inocência e optimismo nas gerações mais velhas.
5-) Todos ajudam nas tarefas
domésticas e todos contribuem para o mealheiro de família.
Eu posso atestar a estes
benefícios, uma vez que foram estas as circunstâncias em que fui criada. E só
ganhei com isso. Todas as crises trazem oportunidades, o importante é
reconhecer essas oportunidades e tomar partido delas...e eu não posso deixar de
olhar para este sintoma da actual crise financeira mundial como uma dessas
oportunidades que devem ser aproveitadas.
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