sexta-feira, dezembro 07, 2012

Sempre do contra



Este video, no YouTube há menos de uma semana, está a ter muito sucesso e a receber muitos elogios, sobretudo por parte da camada mais jovem. Embora compreenda onde Suli Breaks queira chegar e concorde com alguns dos pontos que faz, este video deixou-me com um bocadinho de azia, uma ligeira bola no estômago e um gosto amargo na boca.

Plenamente de acordo que a escola não é para todos e que uma educação é fundamental, por isso os alunos devem avaliar se andam realmente na escola para aprender. Também concordo quando diz que uma educação é muito mais do que regurgitar factos lidos num livro qualquer sobre a opinião de alguém para poder passar um exame qualquer e que educação não é equivalente a memorização; até aí tudo bem. E ainda me ri com a piada a GWB, que graduou da Universidade de Yale e não faz sentido nenhum, mas daí a usar esta criatura como prova de que um “canudo” não faz ninguém mais inteligente, acho que vai um salto muito grande. 

Porém, convém lembrar que os exemplos que Suli Breaks cita (Steve Jobs, Bill Gates, Oprah Winfrey, Mark Zuckerberg, entre outros) representam a excepção e não a regra; e já agora, embora Gates e Zuckerman tenham saído da Universidade de Harvard sem diploma, as empresas que fundaram e que lhes deram reconhecimento do nome são produto dos conhecimentos que obteram na escola. Já para não falar de Oprah Winfrey, que se licenciou em “speech and drama” (qualquer coisa como Ciências da Comunicação) pela Universidade Estatal de Tennessee ou de Steve Jobs que, em 1995, durante uma entrevista a Daniel Morrow (director executivo do “Computerworld Smithsonian Awards Program” ) disse que se não fosse a influência de certos professores que teve, que tinha acabado na cadeia: “When you're young, a little bit of course correction goes a long way. I think it takes pretty talented people to do that" disse Jobs, referindo-se aos professores que o salvaram da desgraça. O mesmo Steve Jobs que atribuiu grande parte do sucesso da Apple a uma aula de caligrafia que tirou na Universidade.

Tambem convém lembrar que Picasso, Shakespeare e o coronel Sanders foram especialistas numa área e viveram numa época em que indústrias e carreiras individuais eram muito mais estáveis​​. A sociedade actual é muito diferente da destes três, por isso, usá-los como prova de que é possível vencer na vida sem escolaridade é, no mínimo, “shortsighted”.  Nos tempos que correm, a mudança é a única constante (já o dizia Peter Drucker). Além disso, o número oficial de desempregados nos Estados Unidos ronda os 20 milhões de pessoas (“oficial” sublinhado porque, como se sabe, os números reais são sempre mais elevados) em parte devido a um “fenomenozinho” oficialmente designado por “ skills gap” ou seja, falta de trabalhadores qualificados em áreas como as ciências, a tecnologia, a engenharia e a matemática – esta lacuna não está presente nas áreas de desenho, pintura, escrita...ou na “arte” de fritar galinha.  



Conheço um professor de música que ficou desempregado devido aos cortes no departamento de artes na escola onde trabalhava e como não tinha outros conhecimentos, é hoje pedreiro; abrir um pequeno negócio não é o que era antigamente, a maioria abre falência pouco tempo depois devido à concorrência com as grandes superfícies. O que eu quero dizer é que, sem escolaridade, passar de um campo para outro pode ser difícil pois os cursos que hoje têm saída  podem amanhã não ter e precisamos de estar disponíveis para voltar aos bancos da escola. O Senador Chuck Schumer (NY) disse o seguinte: "The local workforce does not have the skills needed to fill these jobs (…) a high school graduate with proper training could easily fill these positions." Então propõe dois rumos aos estudantes do secundário: um adaptado às ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, sigla em ingles) e outro para futuros canalizadores, electricistas e outras carreiras de colarinho azul. Faz-me lembrar as escolas industriais e comerciais do outro tempo.  

Este video também me fez lembrar uma colega, na altura mãe de dois estudantes que lhe davam muitos cabelos brancos e dores de cabeça, e que um belo dia se sai com o seguinte desabafo: “an education is wasted on the young.” É tão verdade, muitos (mesmo os bons alunos) estudam porque são obrigados, não porque têm gosto de aprender.
Maybe the reason this video bothers me is because I had to work so hard and make so many sacrifices for whatever little education I now have; maybe it's the fact that those same sacrifices and tradeoffs made me appreciate an education so much to the point of becoming obsessed with it; maybe it's because at the top of my wish list if I ever win the lottery, is even more education; maybe it's because I like to learn for the sake of learning, no ulterior motives needed; maybe it’s because it reminds me of all the arguments I’ve had with someone who is very close to me and feels that the purpose of higher learning is solely to make more money and that if you don’t make more money, then your education was a complete waste of resources; maybe it's because I think of all the people like me who wish for an education as much as I do but, for financial reasons or otherwise, are unable to fulfill that dream; maybe it's because I feel, deep in my gut, that an education has made me a better person. Maybe it’s all of the above. Or maybe I’m just nuts and completely off base. One thing’s for sure: whenever I hear someone disparage schooling I always feel my blood boil, my muscles tense and my stomach in a knot. Regardless, this is who I am and this is how I feel. Always the contrarian. Sempre do contra.

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