sábado, novembro 17, 2012



Aquilo que mais chateia nesta senhora é aquela sua presunção de dizer coisas "óbvias" a quem sofre, ou seja, dizer-lhes que o caminho é de expiação pelos pecados cometidos, pelos excessos de hedonismo, pela inconsciência de parecer rico sem ter meios de o continuar a ser.

De resto, é uma atitude semelhante à de Margareth Thatcher nos anos 80 quando tratava os trabalhadores em greve como meninos mimados e traquinas que tinham de levar táu-táu (leia-se: cargas policiais), que é como quem diz, perder o emprego, a segurança social e passar fome para entrar nos eixos da virtude do trabalho obediente e mal pago, para que o Reino de Sua Majestade recuperasse a competitividade e equilibrasse as suas contas.

A Sra Prussiana não anda longe desse paradigma com a diferença de usar luvas de pelica, de colocar aquela máscara de razoabilidade para disfarçar uma agenda nacionalista. Thatcher era honestamente brutal. A Sra Prussiana é comedida mas firme, parece uma freira a ditar o catecismo, talvez um padre no confessionário prescrevendo padres nossos e avés marias. E tem mesmo um argumento de autoridade: o que passaram os alemães de leste após a reunificação e os sacrfícios impostos a todos os alemães para que, agora, estejam muito melhor, que é como quem diz, com salários mais baixos, mas com emprego numa economia que continua a crescer, também à custa dos despesistas do sul.

Os do sul têm uma culpa que agora devem expiar. Todos os do sul têm culpa: os povos e os seus (maus) dirigentes que se renderam aos argumentos dos vendedores de Mercedes e BMW, da Siemens ou da Bayer durante os anos 2007-2010 de luta frenética contra a crise alegadamente importada dos EUA.

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