sexta-feira, setembro 07, 2012
O sonho/pesadelo americano
No seu discurso de aceitação da nomeação do Partido Democrata para candidato à Presidência dos EUA, Barack Obama enalteceu a responsabilidade individual, a necessidade de se merecer o sucesso através do esforço (em lugar de se considerar como adquirido ou de resultar de assistencialismos), prometeu concentrar-se na defesa da classe média, alegadamente, a que mais tem sofrido com a crise. Só depois falou também nos deveres do Estado em ajudar os mais desfavorecidos.
Trata-se de um discurso coerente com a ideologia do “sonho americano” que, no fundo, une republicanos e democratas e que torna ainda mais deprimidos os que sofrem do ”pesadelo americano” em que caem os pobres. Pobres por culpa própria, prováveis oportunistas e abusadores da generosidade do Welfare. No limite, os pobres e falhados são redundantes, tolerados por uma questão de higiene ética e social. Como se a pobreza fosse do foro genético.
Tolerar ou ajudar os pobres significa fazer pagar os ricos. Ricos, logicamente, por mérito próprio. Como se a riqueza fosse (mutatis mutandis) também de natureza genética. Os ricos pagarão voluntariamente até um certo ponto crítico do que consideram altruísmo ou justiça. A partir desse ponto, sentir-se-ão saqueados. No fundo, a diferença entre Obama e Romney situa-se na dimensão deste saque imposto pelo Estado.
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1 comentário:
Gostei mais deste discurso (a lot of ego stroking, but he made some valid points – e se conseguires ver além das “americanices” tão próprias dos discursos políticos, desconfio que concordarás comigo):
http://www.youtube.com/watch?v=i5knEXDsrL4
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