quarta-feira, abril 18, 2012

Um dia...

Um dia, a crise acabará e voltaremos a sorrir e a comprar casas enormes e carros de alta cilindrada e televisões flat screen e a ir de férias a Fortaleza e a encher o carrinho das compras sem olhar as etiquetas dos preços e a encher a casa de bugigangas porque são giras. Um dia, a crise acabará e acharemos que já somos ricos ou que seremos ricos daqui a nada e os nossos filhos serão ainda mais ricos. Um dia, deixaremos de dar voltas na cama porque a conta terá dinheiro que chegue para pagar todas as despesas. Um dia, voltaremos a ir de avião à Eurodisney com os miúdos e o emprego estará mais seguro do que o nascer do sol todos os dias. E voltará a haver feriados, mesmo aqueles que quase ninguém compreende, mas que são uma delícia, principalmente para fazer pontes mais compridas que a Vasco da Gama. Um dia, os telejornais deixarão de abrir com os números assustadores do desemprego e dos cortes dos salários e das reformas e teremos um ministro das finanças que falará como as pessoas normais, sem se achar um prosélito incompreendido. Um dia, não haverá Troika mas apenas Santíssima Trindade. E passaremos nas auto-estradas com orgulho de sermos europeus e cheios de speed porque mais litro menos litro de gasolina dará no mesmo. E a Europa será porreira e continuará a dar muita massa até para cursos de formação profissional mais ou menos fantasmas em que se ensina aos índigenas que por acaso existem e por esse simples facto merecem um diploma.

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