terça-feira, abril 17, 2012

Mundo estranho

Toda esta história de Breivik, o carnificina da Noruega, é monstruosa. O país concede a um evidente criminoso, que se declara inocente alegando a culpa das suas vítimas, um tratamento VIP em matéria de julgamento. O tipo apresenta-se em Tribunal mais mimoso, metálico e insolente do que nunca, é cumprimentado cordialmente por várias personagens (presumo, advogados), faz uma saudação provocatória que consiste em fechar o punho, levá-lo ao coração e levantá-lo com orgulho… Tudo amplamente transmitido pelas televisões de todo o mundo que dão a este “ser humano” uma oportunidade única para defender a sua “causa”. Não importa sequer que causa seja essa, mais ou menos hedionda, messiânica, xenófoba, racista, redentora. Nada justifica uma matança tão metódica e requintada que Breivik - disse o próprio hoje durante o julgamento - repetiria. Pelos vistos, há perícias psiquiátricas contraditórias, umas dizendo que o tipo é responsável por ter agido na plenitude das suas faculdades e com perfeito conhecimento das consequências dos seus actos, outras dizendo que poderá ser inimputável por se tratar simplesmente de um demente mental, um psicopata. E o sistema judiciário hesita. E um juiz que tinha ousado afirmar que, neste caso, a pena de morte seria justificada foi retirado do caso pelas autoridades. Naturalmente, toda a gente, incluindo os mais temíveis assassinos, têm direito a defesa e a ser tratado como ser humano, pelos vestígios de humanidade que lhes restam. Mas, um tratamento tão higiénico, respeitoso, garantista faz mal, sobretudo, às famílias das vítimas, consideradas por Breivik como merecedoras da grandiosidade da sua matança. A Noruega parece tratar os seus criminosos melhor do que muitos países tratam os seus heróis. Estranhos países… Estranho mundo. Aguardo com expectativa a sentença e espero que a punição do Sr Breivik não consista em ficar algum tempinho nalgum estabelecimento prisional ou psiquiátrico com melhores condições do que em muitos hotéis de 5 estrelas. E menos ainda que não tenha a possibilidade de continuar a exprimir democraticamente as suas ideias salvíficas.

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