sexta-feira, dezembro 23, 2011

Os campos verdes e húmidos lá ao fundo, estreitos como o egoísmo, deitados na várzea, parecem tapetes do meu passado, ordenados, lavrados como cabelo com riscos de brilhantina. Está frio como naqueles Invernos em que olhava de criança para esses campos enlameados, compridos até ao rio. É um frio que se sente no queixo, nas orelhas e na espinha, que se instala no coração por causa do passado desarrumado. E chega também o cheiro a fumo de quem se aquece com a carne a assar e o pão a crescer no forno. Dá-me vontade de sair dali a correr, acelerador a fundo, de cortar com essas memórias sem me sentir culpado, sem perder nada de fundamental, sem fazer mal a ninguém, vivo ou morto, sem frio, sem medo de voltar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Miguel - a Ana L. (nossa colega no liceu) enviou-me um cartao electronico de Boas Festas. E'muito bonito (sobretudo as frases e sentimentos). Depois de ler este post (e outros semelhantes) gostava que o lesses. Entra em contacto com ela porque eu nao sei colocar o link para o attachment que ela me enviou no e-mail, aqui.

TN