E agora? A ditadura de Ben Ali e família pulverizou a oposição durante mais de 20 anos. O poder parece ter caído na rua e o facto de as desordens serem "apenas" as que são noticiadas atesta um certo nível de civismo da população. A única organização que parece em condições de assegurar a ordem e a administração corrente do país é o exército, que se manteve relativamente afastado do aparelho repressivo do antigo regime e que goza de algum respeito da população. Tal como em Portugal em 1974, é preciso re-inventar a democracia e, durante um período de transição, organizar as forças sociais em torno de partidos livres e representativos. Não será fácil, com não o foi em Portugal nos anos 70... com a agravante de se tratar de um país árabe onde as forças islamistas (igualmente reprimidas pelo anterior poder que privilegiava claramente a acumulação de riqueza num pequeno grupo de familiares e apaniguados do casal presidencial através de uma cleptocracia) não irão talvez desperdiçar a oportunidade. É preciso assegurar a segurança e um mínimo de continuidade institucional. Esperemos que o exército e o que resta de poder reciclável salvem a situação. Senão, um dos países mais ocidentalizados do norte de África e do mundo árabe, arrisca-se a cair no caos.
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E agora? A ditadura de Ben Ali e família pulverizou a oposição durante mais de 20 anos. O poder parece ter caído na rua e o facto de as desordens serem "apenas" as que são noticiadas atesta um certo nível de civismo da população. A única organização que parece em condições de assegurar a ordem e a administração corrente do país é o exército, que se manteve relativamente afastado do aparelho repressivo do antigo regime e que goza de algum respeito da população. Tal como em Portugal em 1974, é preciso re-inventar a democracia e, durante um período de transição, organizar as forças sociais em torno de partidos livres e representativos. Não será fácil, com não o foi em Portugal nos anos 70... com a agravante de se tratar de um país árabe onde as forças islamistas (igualmente reprimidas pelo anterior poder que privilegiava claramente a acumulação de riqueza num pequeno grupo de familiares e apaniguados do casal presidencial através de uma cleptocracia) não irão talvez desperdiçar a oportunidade. É preciso assegurar a segurança e um mínimo de continuidade institucional. Esperemos que o exército e o que resta de poder reciclável salvem a situação. Senão, um dos países mais ocidentalizados do norte de África e do mundo árabe, arrisca-se a cair no caos.
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