A história das pessoas que cegaram no hospital de S. Maria em consequência da utilização de um medicamento errado é sem dúvida arrepiante e de interesse público. Mas, massacrar as pessoas, desde há mais de uma semana, todos os dias, com os detalhes mais mirabolantes do caso (incluindo a cor do líquido que deveria sair dos olhos se fosse assim ou se fosse assado) não creio que seja prova de qualidade da nossa imprensa. De resto, sobretudo as televisões, têm uma preferência doentia por tudo o que seja sensacionalista e provoque pânico, ansiedade, medos e preocupações. Parece que existe também apetite dos consumidores de informação por esse tipo de produto, o que é preocupante. No entanto, critérios jornalísticos destes não se encontram noutros países desenvolvidos.
Em geral, acho que o jornalismo português deixa muito a desejar e os jovens jornalistas também não me parecem de bom augúrio, preocupando-se mais com a notícia bombástica, muitas vezes de credibilidade duvidosa, martelada até à exaustão, do que com a informação rigorosa e objectiva. São viscosos, insistentes, chatos, superficiais, incultos e procuram armadilhar as fontes e descobrir a anomalia onde ela não existe para suscitar casos, desvios e embaraços. Não os preocupa a verdade mas a pequena imprecisão da verdade que a possa transformar em espantosa mentira que se venderá muito mais facilmente para gáudio dos espectadores do infortúnio ou traição alheios.
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