Filosofia barata

A vida é feita de fluxos e refluxos. Que banalidade! Mas, é bem verdade: parece tudo circular, feito de permanentes retornos, de falsas inquietações, de virtuais catástrofes que, no fim de contas, não dão em nada, simples sobressaltos deste fluir inevitável de emoções e de fatalidades. Somos vítimas das armadilhas que nós próprios construimos com tanto carinho e devoção, com que nos justificamos e confortamos. Estou cada vez mais convencido de que existe um certo determinismo no percurso de cada pessoa, a que alguns chamam destino ou fado, mas que vem simplesmente das circunstâncias em que fomos concebidos e educados. Ouvi dizer uma vez que para compreendermos alguém é necessário recuar pelo menos 2 gerações e deve ser verdade. A nossa concepção foi o fruto de decisões que obviamente nos escaparam e que pretenderam satisfazer certas necessidades e que seguiram certas motivações pessoais, conjugais e familiares. Mas, depois, a vida continua. Não deveriamos continuar a explicar o que de menos bom nos acontece com essas condições originais da nossa existência, por mais pesadas e irresistíveis que possam ser. Afinal de contas, exste o livre arbítrio e o nosso caminho é feito de uma longa sucessão de encontros e desencontros, de oportunidades e desafios que se aproveitam ou não.