quinta-feira, maio 28, 2009

Acrobacias à volta da precaridade do emprego

Um destes dias, numa mui séria apresentação de resultados do banco de investimento que lhe paga o lauto salário, um digníssimo financeiro de botóes de punho dourados e relógio Rolex teve o desplante de dizer, no meio de gráficos coloridos de PowerPoint que mais pareciam um caleidoscópio de banalidades, que um dos problemas mais sérios da economia espanhola resulta da precaridade do emprego porque (dixit) isso provocava níveis baixos de produtividade. Deram-se-me voltas ao estomâgo... Então estes gajos passam a vida a dizer que um dos principais problemas estruturais da Europa é a rigidez do mercado de trabalho e que é preciso sempre mais mobilidade e flexibilidade dos assalariados e que a legislação laboral tem de ser revista, e quando o pessoal amocha e anda aos tombos de um lado para o outro, mais flexiveis do que a borracha, aceitando ir para a rua com um sorriso nos lábios e recebendo salários de merda, dizem que isso não é bom porque a produtividade é baixa e assim as exportações são uma miséria e as importações inflamam-se. Já não peço honestidade intelectual. Basta um pingo de vergonha!

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