terça-feira, abril 21, 2009

A entrevista de hoje do Sr. Eng°

Sócrates foi acutilante, agressivo, rispido, conviveu mal com as objecções, apresentou os habituais tiques de autoritarismo. Foi determinado na defesa, ausente no ataque. Pareceu um animal acossado, reagindo com garra e com raiva. Meteu os pés pelas mãos em matéria económica e social. Tentou negar a evidente tensão com o Presidente. Mas, por razões institucionais, talvez não pudesse fazer outra coisa. Atirou-se aos jornalistas como se tivesse vontade de eliminar os portadores de más notícias na esperança de que elas deixassem de existir. Quis deixar a ideia de que é uma espécie de super-homem, abnegado e resistente, que ninguém abaterá, muito menos com métodos torpes e difamatórios. E, curiosamente, a parte da entrevista em que me pareceu mais convincente foi a que se referiu ao caso Freeport. Foi factual quanto baste para desmontar a putativa cabala.

1 comentário:

Planetas - Bruno disse...

FreePort
Foi dito que Sócrates victimizou-se porque voltou a dizer o que já havia dito relativamente ao caso FreePort. Se o 1º Ministro não se tivesse referido ao caso FreePort seguramente teria sido acusado de ter condicionado a entrevista no canal público, e que esse deveria ter sido justamente o tema central de todos os esclarecimentos.
Crise
Houve quem criticasse o facto de não terem sido anunciadas medidas que permitissem por cobro à crise financeira que o País atravessa. Relativamente à crise financeira, se Sócrates tivesse anunciado novas medidas económicas e sociais, não faltaria que o acusasse de ser irresponsável, populista, demagogo e eleitoralista.
Cavaco Silva
Sobre as declarações de Cavaco Silva, Sócrates teve particularmente acutilante na forma directa como pretendeu delimitar o espaço de manobra do Presidente relativamente ao combate político.

Dito isto, julgo que Sócrates esteve bem na entrevista, mostrou firmeza, segurança e determinação nas suas ideias e objectivos, apesar de se ter mostrado um pouco crispado com Judite Sousa que colocou algumas questões armadilhadas. Já o seu colega mostrou ao longo da entrevista um registo mais distante, profissional e equilibrado.