A entronização de Mourinho como símbolo do sucesso nacional (que supostamente escasseia) é lamentável. Mourinho personifica, eventualmente, a conquista de objectivos com grande projecção mediática, mas não prima pela excelência dos meios ou dos valores assumidos para atingir esses objectivos. Mourinho não hesita em maltratar árbitros e adversários, em insultar jornalistas e colegas de profissão para criar um clima (dramático) favorável à vitória das suas equipas. Mourinho pretende ser considerado uma fera da competição, elevada ao estatuto de modo de vida, o único possível. É um exemplo de que os fins podem justificar os meios, quase todos. A determinação, a energia e o desassombro (mais exactamente, a insolência) que debita não conhecem os limites do respeito e da boa educação e servem apenas a ideologia do # 1, do dinheiro e da visibilidade desbragada. Gostaria que os portugueses seguissem um modelo de sucesso que implicasse mais boa educação e menos agressividade e menos histeria.
Mas, enfim, à falta de filósofos, escritores, médicos, pintores, músicos, empresários com projecção mundial dá-se ao indígena Mourinho um Honoris Causa... em Cacetada. E assim se levanta o moral dos timoratos Lusitanos para resistir à crise e ao descontentamento endémico.
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