sábado, novembro 15, 2008

O mercado do crédito

É difícil encontrar dinheiro para financiar a longo prazo o investimento. Essencialmente, porque a poupança tem aversão ao risco, porque existe pouca visibilidade em relação ao médio/longo prazo, porque os bancos têm o capital empenhado na cobertura das perdas decorrentes da "exuberância" dos últimos anos, porque há muitas instituições financeiras curtas de liquidez. O resultado de tudo isto é que os compromissos tendem a ser de curto prazo e as margens de risco atingem níveis muito elevados, tornando o financiamento caro, pese embora a redução das taxas de base ou "risk free".

Para ajudar os sistemas financeiros, os Estados lançaram vários mecanismos de garantia da dívida privada (sobretudo dos bancos). Mas, isso desvia a poupança - actualmente muito avessa ao risco - para essas aplicações. Não haveria problema se, por sua vez, os bancos canalizassem esse "funding", em condições razoáveis, para os investimentos reais. Mas, os bancos utilizam o dinheiro para reparar os danos do passado e para não faltar aos compromissos que assumiram. Estamos portanto numa fase transitória de morosidade do circuito do crédito que torna problemático o financiamento de grandes projectos úteis para modernizar a economia, combater a recessão e... ganhar eleições. E não se pense que esta conjuntura é específica de Portugal.

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