sábado, julho 26, 2008

O Lobo (Antunes)


Cus de Judas, Memória de Elefante são títulos que ficaram inscritos na memória de muitos portugueses que se apaixonaram pela literatura como a interpretou A. Lobo Antunes. Lobo Antunes sublimou a experiência da guerra, a tristeza, a saudade e a perda como ninguém e durante anos teve a coragem de remar contra a maré e de não se vergar às promessas de incómios. Até aqui tudo bem.

Nos últimos anos, A. Lobo Antunes enveredou pela pesquisa literária, pela descoberta de arestas inéditas da lingua portuguesa, pelo afrontamento às normas do português escolar e escorreito. Daí resultaram os livros mais recentes que são simplesmente inacessíveis ou, pelo menos, de leitura hipnótica. A. Lobo Antunes escreve às toneladas pacotes de palavras por detrás das quais se escondem sentidos insondáveis.

E é em plena expansão desta fase que recebe o Prémio Camões, no meio de elogios rasgados dos Presidentes de Portugal e do Brasil. E confessa-se emocionado por receber o prémio e por ser português e por pertencer, finalmente, à galeria dos notáveis do regime. Porque, afinal de contas, também ele não resiste à vaidade dos fracos ou, numa versão alternativa mainstream, não tem vergonha da consagração da sua incontestável qualidade.

Só lhe fica a faltar mais um título que tem snobado e que teve dificuldade em reconhecer ao peito de Saramago: Prémio Nobel.

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