Fannie Mae e Freddie Mac não são personagens de banda de desenhada. Infelizmente. São uma espécie de bancos com uma espécie de garantia do Governo dos Estados Unidos que ajudam as pessoas a obter empréstimos para comprar casa, dando garantias aos bancos credores, garantias essas que são por sua vez suportadas pela hipoteca das casas. Essas instituições têm um passivo total de mais de 5000 biliões de dólares, uma cifra colossal que corresponde a quase 40% do PIB dos EUA. O capital dessas "agências" é cotado em Bolsa e o preço das respectivas acções desceu, só na última semana, qualquer coisa como 45%. E isso aconteceu porque os investidores temem que a Fannie e a Freddie tenham problemas sérios de liquidez e que o valor real das hipotecas seja tal que a situação líquida dessas "agências" seja negativa, ou seja, o valor dos activos seja muito inferior ao valor das dívidas. Por outras palavras, receia-se que a Fannie e a Freddie se aproximem vertiginosamente da falência, o que seria uma autêntica catástrofe, provocando falências em cadeia no sistema bancário americano e mundial. Portanto, a "espécie de garantia" do Governo poderá ter de se transformar numa "autêntica garantia", o que corresponde em bom português a uma nacionalização. Mas, para além da heterodoxia da coisa no país arauto do livre-mercado, isso agravaria ainda mais as dificuldades dos Estados Unidos pois levaria a dívida pública para cima de 100% do PIB com tudo o que isso implica para as taxas de juro e de câmbio do dólar.
Esperemos que o mercado imobiliário recupere o mais rapidamente possivel para limpar as maluquices dos bancos dos últimos anos e que o nervosismo se mantenha em níveis "saudáveis". Senão...
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