sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Viva Sócrates! Viva! Pim!

Apesar de ter um certo pó ao V. Pulido Valente, tenho de reconhecer que o artigo que publicou hoje no "Público" é hilariante àcerca dos ziguezagues de J. Sócrates na demissão do Ministro da Saúde. O mesmo jornal continua no ataque ao Primeiro-ministro revelando que terá assinado durante muitos anos trabalhos de engenharia que não efectuou. Francamente, começo a ter pena do chefe do governo. Como tive uma certa pena de Ferro Rodrigues quando se atolou no pântano da Casa Pia... A criatura (quero dizer: Sócrates) quer apenas meter a malta na ordem, poupar dinheiro, mostrar a Bruxelas que somos bem comportados, criar as "bases estruturais" para arrancar o país do marasmo proverbial. O homem tem uma ideia de Portugal, um Portugal europeu e moderno, como Salazar tinha uma ideia de Portugal, nesse caso, um Portugal rural, colonial, tranquilo e resignado. Sócrates só nos quer bem, a nós todos, portugueses que ainda não cairam na realidade de que para gozar é preciso, primeiro, trabalhar. Trabalhar duro, sem privilégios nem mordomias. É claro que Sócrates, como Salazar, em relação aos latifundiários e capitalistas de vão-de-escada, precisa de fazer cedências a alguns barões do sistema e do seu partido, para assegurar a sobrevivência política, de modo a realizar a missão que Deus e os portugueses (fartos das diatribes de Santana Lopes) lhe confiaram. A equação de um visionário como Sócrates é tudo menos simples. Ainda bem que faz "jogging" e que é relativamente jovem porque, senão, ainda lhe dava uma solipanca e ía desta para melhor, coitado...

Dito isto, o homem, apertado por todos os lados (PC, CDS, bloquistas, sindicatos ressuscitados, Menezes e acólitos, médicos, professores, populações fartas de perder o senhor doutor e a senhora professora, engenheiros, bancos, empresas de construção civil e obras públicas, etc, etc) começa a desenvolver um irritante complexo de perseguição. Ele sabia para o que ía, porra! Sabia que tinha alguns telhados de vidro, sabia que, numa democracia, não é preciso apenas ser-se eleito, é preciso, depois, lidar com os interesses e com o debate permanente da opinião pública, ao tomar decisões que não são unânimes. Mas, confio na dureza do bicho (que se traveste frequentemente em arrogância) para enfrentar os vilões e andar-para-a-frente-com-as-reformas-e-com-a-modernização-do-país. Amen.

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