sábado, fevereiro 02, 2008
O miúdo e o carro
O miúdo ía no carro com o pai. Estava frio e era de noite. O carro fazia um barulho monótono daqueles que puxam ao sono, depois de um dia longo de trabalho. O miúdo enrolou-se aos pés do lugar do passageiro, com todo o corpo perto das saídas de ar do aquecimento. Sentiu-se quentinho e aconchegado. O pai cantarolava um fado triste mas bonito, para passar o tempo e para escapar às tentações de Morfeu. O miúdo, aninhado no lugar ao lado, olhava para cima e via passar, de vez em quando, a luz de um poste de iluminação, paredes de casas de que se recordava, àrvores subitamente iluminadas pelos faróis do carro. E assim, ao longo daquele trajecto feito dezenas de vezes, apesar de escondido, conseguia saber exactamente o lugar por onde estavam a passar. Continuava com aquele jogo até sucumbir ao calor da "chauffage" e à sedução do sono. Acordava na garagem ao colo do pai.
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