domingo, dezembro 16, 2007
O pátio
Uma fogueira de gêlo ardia num pátio atapetado de estrume de chocolate. Um porco passeava de casaco de peles e começou a chover sol às toneladas, pesado como uma pluma. Um camponês apareceu de Rolls Royce, deu um pontapé no porco que agradeceu com um sorriso de um doçura metálica. A porta do curral abriu-se e uns tapetes persas surgiram numa estúpida opulência. O porco entrou a dançar no espaço escuro que tresandava de Channel N° 5 negativo. O camponês fechou o portão do curral com um estrondo musical e o porco chorou de rir. O camponês caminhou no pátio, lambendo o chocolate do chão com desgosto. Lágrimas cairam-lhe da face, fazendo uma sopa agri-doce que se foi espalhando lentamente até chegar ao sítio da fogueira, que se extinguiu. E o gêlo aqueceu e o lume acendeu-se e o camponês acordou em frente da lareira que projectava estranhas formas luminosas no tecto da sala do borralho, que estava às escuras. O camponês passeou os olhos pelas brasas, sentiu-se quente por dentro e por fora e voltou a adormecer, pronto para mais uma viagem fantástica pelo pátio.
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