Não me tramem. O homem não é paneleiro. Tem apenas uns tiques. É sensível, delicado, atencioso. Um bocado amaneirado, mas nada de especial. Não o estou a ver a mostrar as nádegas num “gay parade”. E sobretudo sabe bem o que quer, tem uma missão a desempenhar que vai para além dos seus próprios interesses. O homem até fez filhos e não me consta que se tenha arrependido. È um pai extremoso, vai com eles a sítios exóticos nas férias e mantém boas relações com a Ex com quem andou iludido, talvez, tempo demais, remando, torturado, contra a sua natureza. Mas, no fim de contas e em tempo útil, assumiu-se e enveredou pelo bom caminho. Contra ventos e marés, contra a estupefacção dos pais e amigos que não perceberam aquela súbita separação. Eram um casal perfeito (como se diz agora, também a propósito dos McCann…). Mas, não è paneleiro. È só aberto de espírito e detesta as insinuações acerca da sua paneleirice. Tem algum mal ir aos alfaiates mais caros para andar irrepreensivelmente vestido? Tem algum mal comprar perfumes de masculinidade ambígua? Tem algum mal passar horas no ginásio e na esteticista? Ou será “um” esteticista?...
O homem é fantástico. Sorte, têm os amigos que podem usufruir de uma companhia tão elegante e perspicaz. Mas, também, e sobretudo, determinada. Porque ele tem uma visão que procura colocar em prática com tenacidade e inteligência. Não se pode dizer que seja particularmente culto. Teve mais a fazer do que mergulhar em livros fastidiosos sobre Filosofia ou outras Humanidades. Teve de aprender a arte das relações e das influências: como navegar entre ambiciosos sem qualidade, como entrar-lhes na simpatia sem promessas nem incómodas cumplicidades. É esgotante essa aprendizagem. Deixa pouco tempo a outros domínios do espírito, talvez mais requintados e palacianos.
Quanto ao perfil moral… tem moral q.b. ou a falta de escrúpulos necessária para andar para a frente neste mundo cruel.
1 comentário:
Cláudio Ramos, a.k.a, maricão do sul, a.k.a. maluca do riso?
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