sábado, agosto 25, 2007

Grandes viagens

Vão de Soure para o Paião. Ao passar por Vinha da Rainha, parem no alto da povoação e percam o olhar nos campos de arroz por ali abaixo. O verde parece um mar interrompido por valas de àgua que se junta ao horizonte lá para os lados da Fontela e da Figueira da Foz. O efeito é magnífico num fim de tarde de um dia claro.

Vão à Serra da Boa Viagem e procurem uma estrada sem saída que leva à Bandeira. Daí observem a paisagem que se espalha pelo mar e pela terra, desde Quiaios até Palheiros da Tocha. Num dia especialmente luminoso, pode-se mesmo levar os olhos até Mira ou mesmo Aveiro. Mas, é por isso que toda a gente lá vai - para ter a sensação de ver essa parte do mundo como se estivessem por trás de uma imensa janela de avião...

Ora, o que vos quero propor é uma fuga pela esquerda desse miradouro. Aí apanha-se um trilho pedregoso que circunda a montanha e onde se pode falar com o vento e com o céu e com a liberdade dos grandes espaços. Continuem sempre, no meio de urzes e de outra vegetação rasteira, até chegar a um marco geodésico no ponto em que a montanha faz a curva para sul. De preferência, vão sózinhos ou bem acompanhados, por alguém que respeite o que a Natureza diz. Espero que haja vento. Parem de vez em quando e deixem-se embalar... e voem pelo mar adentro, sem destino.

É também por estas coisas que merece a pena andar por cá.

2 comentários:

Anónimo disse...

O Cabo Mondego é conhecido pelos seus jazigos minerais jurássicos, um importante espólio de associações de fósseis, particularmente amonites e icnofósseis e representa o período da Terra entre 171 e 167 milhões de anos. A sua situação geográfica proporciona excelentes condições de observação e estudo, conferindo-lhe um elevado valor científico, pedagógico e didáctico.
Em breve será classificado como o sexto monumento natural Português, mas esta decisão peca por ser demasiado tardia…uma parte importante do seu espólio já foi delapidado por interesses economicistas, do cimento…. para produzir cal usa-se o mesmo calcário que encerra os vestígios fósseis do passado, que recriavam a memória do que terá sido a Terra durante 40 milhões de anos e jamais renascerá.
Por outro lado, este património possui ainda a função social importante que tão poeticamente proposeste.

Miguel disse...

De acordíssimo em relação ao atentado que representa aquela pedreira: parece uma gangrena crescendo no meio de uma coisa tão bonita. Outro ataque vergonhoso à serra são os incêndios a que me refiro num post mais acima.

Gostei de te ler por aqui. Vem sempre ;-)