As pessoas que normalmente lideram sociedades como a nossa estão na faixa dos 40-50 anos. Naturalmente há excepções...
[Nas últimas décadas tem-se assistido a uma desvalorização crescente da experiência dos mais velhos. Por mais velhos entendo os que têm - digamos - mais de 55-60 anos. Em vez de sábios e experientes são considerados obsoletos. A aceleração das mudanças motivada pelas novas tecnologias explica em certa medida essa tendência. A apologia da "performance", da beleza, da energia e, por conseguinte, da juventude atestam o declínio dos anciãos. O abaixamento da idade da reforma (recentemente “corrigido” pelas razões financeiras amplamente conhecidas) e os esquemas de reforma antecipada propostos pelas empresas também.]
Dizia eu que, em geral, as pessoas que estão no auge das suas vidas e no topo das hierarquias da nossa sociedade: (a) nasceram nas décadas de 50-60, (b) frequentaram o liceu nas décadas de 60-70 e (c) acabaram a universidade (os que a acabaram...) nos anos 70-80. Basta conhecer um pouco da história recente do nosso país para perceber o quadro mental e político atribulado em que se formaram essas cabeças, a transição vertiginosa que presenciaram, a confusão que tantas vezes nelas se instalou, o caos que tiveram de acompanhar ou gerir...
E daí até perceber a falta de qualidade da actual liderança nacional, a ausência de uma estratégia clara e eficaz, o deslumbramento novo-rico, o voluntarismo compulsivo, a coexistência de vários países no país (pobreza / ostentação, ignorância / sofisticação, resignação / exigência) vai apenas um passo...
2 comentários:
Analisar a liderança numa perpectiva estruturalista , é algo muito discutivel. A liderança por definição é uma caracteristica individual, inata em alguns aspectos e desenvolvida por cada um ao longo da sua vida.È seguramente muito mais facil analisar os lideres pelas caracteisticas individuais do que pelos desafios que eles tem de enfrentar.Nunca como até agora o mundo foi tão global e simultaneamente polarizado, nunca vivemos tão livres e fomos tão prisioneiros do nossos medos. Precisamos é voltar á filosofia...
Sem dúvida, os líderes têm características especiais, únicas. Por definição, são mais a excepção do que a regra, em qualquer geração. Mas, os contextos históricos moldam as pessoas em geral, condicionam o modo de pensar e de agir dos individuos e portanto influenciam a maneira de se ser líder para melhor ou para pior. Pode-se dizer que os líderes são mais precisos quando as coisas são e foram más.
Oxalá, não obstante as condições económicas, sociais e políticas descritas no post, aparecesse um líder que lhes escapasse e que deixasse uma marca radical na transformação do país para melhor. Esse sobrevivente da "cepa torta" faria toda a diferença e permaneceria verdadeiramente para a posteridade.
Os grandes homens e as grandes mulheres podem ajudar a mudança mas as mudanças decisivas implicam a participação de sectores amplos da sociedade. Sem mobilização ou adesão das pessoas não há messias que possa sózinho mudar o que é preciso mudar. Sabemos aliás ao que tem levado a crença em varinhas mágicas, a obediência a indivíduos com qualidades de liderança e visão salvíficas... Normalmente isso está associado a sistemas totalitários e ao comportamento das massas como rebanhos mais ou menos cegos em relação às verdadeiras motivações dos grandes líderes.
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