domingo, julho 29, 2007

Carta a um amigo

Caro amigo

Já que não nos vemos há tanto tempo e como continuaremos durante tanto tempo sem nos vermos, porque a vida nos puxa para outros lados e não há maneira de encontrarmos a mágica disponibilidade para conversar sem ser por aquele maldito telefone que nos dá a ilusão da proximidade mas que não passa de um amortecedor da distância, manda-me umas fotografias tuas e do sítio onde vives e dos teus amigos. As fotografias são outro alibi, dão-nos a ideia de ver a vida numa folha de papel. Mas, a vida é para viver, não é para observar à distância. Faz-me lembrar aqueles turistas que acabam por não gozar os sítios que visitam porque passam o tempo a tirar esplêndidas fotografias que depois encaixilham e metem no fundo de gavetas perdidas ou em ficheiros de computador com nomes coloridos. Mas, as fotografias são melhor do que nada e pior do que o essencial. E o essencial é a alma e o coração. E que eu saiba não se tiram fotografias à alma e ao coração. Ou talvez sim, porque as pessoas verdadeiras transportam no rosto e no corpo o que lhes vai na alma e no coração. E as pessoas frágeis não conseguem evitar esse reflexo.

Desejo-te umas boas férias e, no fim de contas, manda-me umas fotografias e que não sejam pretexto para adiar mais uma vez o encontro que combinámos à volta de uma mesa farta.

Um abraço
Miguel

1 comentário:

Anónimo disse...

..afinal quem está do lado da emoção deve levá la até ao fundo do coração com a alma inteira....miguel ainda não te conhecia é bom sentir aqui a tua alma, mesmo que o tempo está parado e já passou,os meus desejos e as minhas flores vão ficar aqui...sem saberes é tão bom responder....