Em Itália as coisas aquecem.
A luta entre um ministro (Vincenzo Visco) e o comandante da Guardia di Finanza (super-equivalente à nossa Guarda Fiscal) revela os tentáculos de um enorme Polvo que cruza a máfia, várias outras « seitas », a finança e a política. Uma espécie de nova P2, a tristemente famosa loja maçónica que esteve no centro dos escândalos dos anos 80 e 90 que envolveram também o Vaticano e de que resultou, nomeadamente, o assassinato em Londres de Calvi, o patrão do falido Banco Ambrosiano. À sombra de Berlusconi regressaram esses espectros do poder paralelo que não tem rosto nem convicções e que atravessa todo o topo da sociedade italiana. E o governo de centro-esquerda parece pactuar mais ou menos silenciosamente com a situação.
O presidente da confederação patronal (Confindustria) e também presidente da Fiat, Luca di Montezemolo, bota discurso, dizendo que a burocracia da política custa demasiado caro aos contribuintes. O aparelho político italiano custaria mais do que os de França, Alemanha, Espanha e Reino Unido, todos juntos. Só a presidência da República custaria mais de 220 milhões de euros por ano e empregaria mais de 2 100 pessoas. O Parlamento, onde tem assento 23 partidos, dos quais 17 com menos de 3% dos votos, custaria 1 600 milhões de euros por ano. O número de viaturas oficiais supera 570 000… enquanto em França existem 65 000.
Slogans insultuosos aparecem na parede da casa de Marco Biaggi, uma vítima do terrorismo de extrema-esquerda. Sergio Coferatti, ex-secretário-geral da principal central sindical (CGIL) e actual presidente da Câmara de Bolonha recebe ameaças. Na prisão, os bombistas fazem desfraldar bandeiras vermelhas e reivindicam a libertação. Existem, portanto, sérios indícios de que o terrorismo se reactiva.
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