terça-feira, maio 15, 2007

Madeleine

É espantosa a mediatização do caso Madeleine. Tornou-se um objecto de notícias global. Toda a gente estará de acordo que, se isso contribuir para encontrar a menina sã e salva rapidamente, óptimo ! Que se faça ainda mais publicidade… Mas, não somos ingénuos nem parvos e os vários interesses (imprensa, turismo, etc.) que se movem à volta do caso tornaram-se absolutamente incríveis, à mistura com um voyeurismo detestável. Até a honra da Pátria parece estar em jogo com a melhor ou pior prestação da (hiper-mobilizada) polícia portuguesa... A origem (nacional e social) da menina e o apetite dos espíritos mórbidos pela desgraça alheia não serão estranhos ao espectáculo montado em torno do drama de Madeleine e da família. Infelizmente, há várias outras Madeleine que desaparecem todos os dias, particularmente em países do Terceiro Mundo, paraísos (demasiado distantes ?) do comércio de crianças, e que deveriam chocar da mesma maneira a opinião pública mundial e provocar a mobilização de meios idênticos para a sua busca e, sobretudo, para a prevenção da praga de que são vítimas.

Já agora um « detalhe » : aquele tipo a que chamam criminologista, que se tem apresentado todos os dias no Telejornal das 20 horas da RTP1, para comentar o caso com o Rodrigues dos Santos devia ser processado ! A ligeireza com que se refere à investigação, as conjecturas que se permite fazer acerca de coisas como as opções sexuais dos pais de Madeleine, a superficialidade com que se refere ao perfil psicológico de um suposto raptor, os « conselhos » que dá à polícia para encontrar vestígios de cabelos, de sangue, de esperma... Aquilo não é um criminologista. Aquilo é um fala-barato a puxar para a perversidade, num caso tão sensível como este. Como é que a RTP se permite pôr no ar um tal monumento à falta de moderação e de objectividade, uma tal torneira de torpes insinuações ?

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