sexta-feira, abril 13, 2007

Mudanças

Este post surge na sequência de alguma reflexão pessoal que tenho tido nos últimos tempos e foi finalmente passado a escrito devido ao texto negativista que a outra melga aqui pôs há bocado.

Quando se entra no curso de Psicologia, ou lendo algumas coisinhas credíveis, das primeiras coisas que se aprende é que não há curas milagrosas. Isto é, não se resolve um problema, de que natureza for, com um estalar de dedos. O problema é que todos temos um pouco essa fantasia... De que podemos mudar de um momento para o outro, de que podemos apagar o que é mau e transformá-lo em bom sem passar por todo um processo de mudança que pode durar mais ou menos tempo. Estas fantasias são alimentadas pelo desejo de não sofrer, de não passar por coisas que não queremos, mas também pelos próprios meios de comunicação (tome-se como exemplo as publicidades para "emagrecer sem esforço" e as igrejas milagreiras).

Todos estamos habituados a pensar no que é mais fácil, mais seguro, mais rápido, mais benéfico a curto-prazo e isso impede-nos de, sequer, ponderar no facto de que qualquer mudança implica tempo, esforço e, por vezes, dor e sofrimento. É por isso que, quando surge a necessidade ou inevitabilidade de mudar alguma coisa na nossa vida (do mais profundo ao mais superficial), ficamos paralisados por momentos, a pensar como vai ser diferente, como não vai ser como antes como vamos lidar com a mudança. Aqui, podemos tomar várias atitudes: ou tentamos recorrer às tais curas milagrosas e continuamos a viver na fantasia até que alguma coisa mude e fiquemos outra vez atordoados com o facto de a vida não ser assim tão simples/fácil; ou percebemos que temos de passar por um processo de mudança que implica dissabores e nos sentimos com pena de nós próprios e ficamos inertes a pensar na nossa miséria; ou então, percebemos que temos de passar por um processo de mudança e, perante a dificuldade, metemos "mãos à obra" e empenhamo-nos em passar por tempos complicados para os ultrapassar e tornar a nossa vida e os projectos futuros melhores.
(Pessoalmente, embora seja a mais complicada a curto-prazo, acho que a atitude mais construtiva a adoptar é a última).

2 comentários:

Alexandre Carvalho disse...

:)

"Há duas tragédias na vida: uma a de não satisfazermos os nossos desejos, a outra a de os satisfazermos"

Oscar Wilde

Miguel disse...

Enquanto vivermos no âmbito da dicotomia dor-prazer não somos livres - reflexão inspirada pela leitura do pequeno livro "The Wisdom of Insecurity" de Alan Watts, 1a. edição Pantheon Books Inc. 1951