O texto que se segue é uma tradução livre do artigo publicado na edição de hoje do "Corriere della Sera". Eloquente...
"Os homens são preferidos às mulheres, porque Deus privilegiou alguns seres em relação a outros (...); quanto àquelas de quem temeis actos de desobediência, deveis repreendê-las, depois deixá-las sózinhas nas suas camas, depois bater-lhes".
Corão, versículo IV, 34
"Ouviste o que nos disse o Imam? Que devemos bater nas mulheres! Porque as mulheres são estúpidas, são como as ovelhas que devem ser guiadas por um pastor. Vocês homens têm razão em bater-lhes porque é o Islão que o diz. O Corão ordena-o". No dia 26 de Agosto de 2005, no final da reza do crepúsculo, o pregador do ódio islâmico Wagdy Ghoneim falava aos fiéis reunidos na mesquita de Verona. Leader dos Irmãos Muçulmanos, esteve preso no Egipto, foi expulso dos Estados Unidos e do Canadá por apologia do terrorismo, Ghoneim conseguiu obter um visto para entrar em Itália.
Entre os que escutavam o Imam, encontrava-se o marroquino Moustapha Ben Har, 46 anos, um homem violento que tinha obrigado a mulher, a murro e a pontapé, a abortar duas vezes, tendo-a mandado para as Urgências três vezes com a cara desfigurada; tinha também sido denunciado por esfaqueamento de um compatriota que vivia no mesmo prédio; está desempregado por causa de repetidos litígios no local de trabalho. Regressado a casa depois da reza, Moustapha, convencido da legitimação islâmica do seu comportamento brutal, dirigiu ameaças graves a Amal El Bourfai, 33 anos, que tinha conhecido e com quem se tinha casado em Casablanca: "O Imam disse-nos que as mulheres não têm alma. Servem apenas para fazer crianças, cuidar da casa e satisfazer os desejos do marido. As mulheres não podem elevar a voz. Quem manda é apenas o marido. Se a mulher erra, é normal castigá-la. Este é o ensinamento do profeta".
Nessa noite, Amal teve realmente medo. Apertou contra si os dois filhos, Aiman, hoje com 4 anos, e Elias, que terá 3 anos em Maio deste ano. Recordou os primeiros dias do matrimónio, quando Moustapha a tratava bem. E como inesperadamente, dois meses depois da chegada a Itália em 2000, ele lhe começou a bater porque ainda não tinha ficado grávida: "És como a terra seca, não dás fruto!". Amal sentia-se culpada e suportava a violência. Até que análises clinicas mostraram que o problema era do marido. Fez uma terapia hormonal que teve sucesso. Mas, de facto, ele não amava os filhos. Pelo menos duas vezes, a sua fúria criminosa levou a que a mulher abortasse por causa dos murros no ventre. Mesmo depois do nascimento de Aiman, agrediu-a, atirando-a ao chão e saltando-lhe em cima da barriga. Estava grávida de 4 meses, perdia sangue, foi ao hospital e conseguiu salvar a gravidez até ao nascimento de Elias. Depois, Amal teve de abortar pela terceira vez no hospital porque ele não queria mais filhos: "Não tenho dinheiro para os manter".
(...)
Amal sentia-se impotente porque Moustapha tirou-lhe todos os documentos: o passaporte, a autorização de permanência em Itália, os cartões de contribuinte e do serviço nacional de saúde. Depende dele para tudo porque, formalmente, reside em Itália por motivo de reagrupamento familiar. Tudo mudou, no entanto, com a denúncia que fez, depois da mais recente ída ao Pronto-Socorro, denúncia que Amal não tenciona retirar. Ele, por vingança, decidiu fugir para Marrocos, pretendendo levar os filhos consigo. Já mandou as malas num autocarro para a sua família em Casablanca. Desde então, Amal fechou-se em casa com os filhos. Pediu ajuda ao Centro de Assistência Social de San Giovanni Lupatoto, o municipio da residência na provincia de Verona, obtendo como resposta que, para usufruir de acolhimento, deveria pagar 95 euros por dia... Ontem, voltou ao tribunal, pedindo, através da sua advogada, Rosanna Credendino, uma decisão urgente de expulsão de Moustapha da sua habitação. Segunda-feira, irá à polícia para pedir a proibição de saída do território nacional do marido e dos filhos.
Esta é a história dramática de uma "mãe-coragem", que luta com todas as suas forças para permanecer em Itália com os dois filhos, e de um marido violento, que já pediu a cidadania italiana, residindo no país desde 1989. Marido que pensa comportar-se de um modo islâmicamente correcto em virtude das rezas aberrantes dos chamados Irmãos Muçulmanos. Um deles, Hamza Roberto Piccardo, comenta da seguinte forma o versículo IV, 34 do Corão, num dos documentos mais divulgados nas mesquitas de Itália: "Pode-se compreender porque é que o Corão fornece ao marido os instrumentos para enfrentar a insubordinação da mulher antes de chegar ao remédio extremo do divórcio: admoestação, exclusão da afectividade e da relação conjugal, punição física. Em relação a esta última, deve notar-se que os documentos sagrados ["Sunna dell'Inviato" (?)] a desaconselham com firmeza, mas, em caso extremo, a permitem, desde que não atinja o rosto e que os golpes sejam curados com um lenço ou com uma pinça". Este detalhe técnico, sobre o modo islâmicamente correcto de bater nas mulheres, deve ter escapado a Moustapha... E a milhares de maridos violentos que, em Itália, invocam o Corão para agredir as suas mulheres. Este é o apelo de Amal: "Ajudem-me a ficar na minha casa com os meus filhos, ajudem-me a manter o mais longe possível o meu marido violento! Quero viver em Itália como uma mulher livre e quero que os meus filhos possam crescer como pessoas livres!".
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