terça-feira, outubro 03, 2006

Politique à la française

Há apenas uma coisa que une a esquerda e a direita tradicional em França: a vontade de impedir o acesso à presidência de Jean-Marie Le Pen, o líder carismático do "Front National", o partido de extrema-direita populista, que disputou as anteriores eleições à segunda volta contra Chirac. A esquerda, nessa altura, engoliu sapos e votou em Jacques Chirac. Agora, homens-chave da direita como Villepin e Chirac excluem a possibilidade de apresentar mais do que um candidato às presidenciais de 2007 para não facilitar a passagem de Le Pen, mais uma vez, à segunda volta. Isso quer dizer que Chirac e Villepin (e respectivos acólitos) podem ter de apoiar o seu inimigo de estimação, o pequeno-grande, Sarkozy. E se se confirmar a dinâmica ganhadora de Ségolène Royal, a menina bonita e super-mediática do PS, poder-se-à ter uma segunda volta entre Ségolène e Sarkozy ou... entre Ségolène e Le Pen. Neste último caso, a direita tradicional teria a oportunidade de pagar uma dívida à esquerda, votando em Ségolène contra Le Pen, tal como a esquerda votou em Chirac contra Le Pen há 5 anos.

De tudo isto resulta (a) a centralidade de J-M Le Pen, o qual, entre outras diatribes, nega o Holocausto e defende a expulsão pura e simples dos imigrantes "em excesso" e (b) a extrema fulanização da política francesa.

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