quarta-feira, agosto 30, 2006

Dúvidas existenciais aos seis anos...

A minha prima de seis anos confrontou-me hoje com as seguintes perguntas:

Quando é que começou a morte? Porque é que existe a morte?

Como ela não iria entender uma explicação do tipo "A vida só faz sentido com a morte... Se não morrêssemos não daríamos tanto valor e tanta importância à vida.", puxei um pouco pela cabeça e procurei uma resposta verdadeira e acessível à mente infantil. Quando ela me faz perguntas destas é como se me desse um murro no peito. É muito complicado explicar a uma criança coisas destas... Contudo, acho que me saí bem. Eis a minha resposta:

"A morte existe desde sempre, desde que há vida. Se pensares bem, tudo tem um oposto: existe o preto e o branco, o alto e o baixo, o bonito e o feio... Tal como esses, também a vida tem um oposto: a morte."

1 comentário:

Miguel disse...

É complicado...

Li recentemente o romance "Il visconte dimezzato" de Italo Calvino que fala de um visconde que se partiu ao meio numa batalha: uma metade boa e uma metade má separaram-se e tiveram vidas autónomas durante alguns anos. O domínio do visconde passou a ser mal governado, as tragédias sucederam-se, o povo sofreu, a bondade da metade boa nunca conseguiu suplantar as atrocidades da metade má. No fim, as metades voltam a juntar-se, através de outra incrivel cirurgia, e a vida retomou a sua normalidade no território do visconde com uma justa mistura de bondade e de maldade, de justiça e de injustiça, de alegria e de tristeza.