Por muito que sinta o 25 de Abril, nunca terei a autoridade para falar dele como alguém que o presenciou. Não posso senão imaginar o que foi não poder gritar contra o que está mal, não poder dizer o que se pensa, sob pena de ser torturada, presa, ou mesmo morta por isso. O 25 de Abril tem um significado muito mais forte para os meus pais, avós e bisavós, que sentiram na pele a repressão da ditadura, que não puderam escolher o rumo do seu país. Contudo, pelas histórias contadas entre família e amigos que viveram a revolução, sinto com muita força o apelo a manter o espírito que inspirou, não só as Forças Armadas a desencadear a revolução, mas também o povo a, espontaneamente, sair à rua mostrando apoio e desejo de mudança. Como já disse, não sei o que é viver em ditadura, mas só de pensar que os meus avós tiveram de esperar toda a vida até aos 45/50 anos para saberem o que é ser livre, deixa-me com um forte sentimento de dever: o dever de salvaguardar o princípio da revolução de 74, que tanto custou a obter.
Hoje em dia, há quem se recuse a comemorar o 25 de Abril, como o nosso querido Alberto João. Entristece-me ver na televisão todos os anos, quando se pergunta a crianças e adolescentes se sabem o que se comemora nesta data, ouvir respostas como “não sei” ou então, pior que isso: “ah…teve a ver com a monarquia, não foi?”. Por vezes parece que as pessoas se esqueceram da nossa história… O país não está bem, vivemos na merda e gostaríamos de uma sociedade diferente, mas, para todos os efeitos, nunca nos podemos/devemos esquecer que antes de 1974, nem sequer nos podíamos queixar disso. Obviamente que isto não é desculpa para nos conformarmos, pelo contrário, juntamente com as comemorações desta data, devíamos acentuar o inconformismo e o espírito de intervenção que permitiu a revolução.
terça-feira, abril 25, 2006
25 de Abril
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3 comentários:
20 valores
o video e o Zeca puseram-me a epiderme em pele de galinha... porra... há uma saudade e uma vibração que vêm de muito, muito longe e de muito, muito fundo
coisas de uma alma fraca...
Olá!
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Dani
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