Os impérios nascem, crescem, definham e morrem. Foi assim com Atenas, Roma, Espanha e Portugal, Inglaterra. Será assim com os Estados Unidos da América. O ciclo de vida dos impérios tende a encurtar-se. A História acelera-se ao ritmo dos efeitos cumulativos do progresso da Humanidade. O império americano durará 200 anos ? Terá começado o seu declínio, como defendem certos autores, apesar do exibicionismo de super-potência ? Alguns dizem que, por exemplo, a invasão do Iraque foi uma das derradeiras tentativas para suster a decadência inexorável. A América não poderia lutar uma segunda guerra, como a do Iraque, nos próximos anos. Pense-se no Irão e na "humildade" actual da administração Bush em relação às instâncias de negociação internacional, em claro contraste com a sua arrogância durante o processo que desembocou no início da 2a. guerra no Iraque.
Os recursos dos Estados Unidos (designadamente, militares) estão à beira do esgotamento. A economia vive à custa da importação da poupança do resto do mundo e da aceitação do dólar como reserva de valor à escala mundial. A América estará em derrapagem, mas o capitalismo não... As potências emergentes fundam o seu crescimento na aplicação do modelo capitalista.
A consolidação do império americano nos últimos 50 anos foi compatível com uma situação (substancialmente) de paz em grande parte do mundo. É óbvio que houve guerras "locais" em que irromperam disputas pelos recursos naturais, conflitos religiosos, políticos, étnicos (Coreia, Vietname, Bósnia, Iraque, etc.). Mas, não houve guerra mundial, pesem embora a "guerra fria" e a bomba atómica. O planeta, enquanto tal, não esteve confrontado com um conflito generalizado em que se jogasse a sua sobrevivência. A América foi uma potência naturalmente interesseira e frequentemente cínica, mas, apesar de tudo, continuou a manter um certo discurso dos valores (mesmo que, muitas vezes, em contradição com a prática) : a democracia, a liberdade, etc. No fundo, o supremo valor da América foi sempre um: o dinheiro! A América nunca teve verdadeiramente instintos de destruição alheia. Tentou sempre ganhar dinheiro, defendendo a paz, mesmo que fosse podre.
Qual será o próximo império ? Haverá mais do que uma cabeça ? Desde há algum tempo, ficou na moda falar-se de mundo multipolar, especialmente, depois da queda do muro. Mas, isso não corresponderá apenas a um período de transição, até que sobressaia uma nova potência claramente dominante, eventualmente, em aliança com outras pequenas potências (uma espécie de sucursais) ? Que valores e, sobretudo, que práticas caracterizarão o novo império ? Poderemos estar tão descansados (ou tão intranquilos) como com os Americanos no que se refere à sobrevivência da Humanidade ?
O problema é que agora há a bomba atómica, espalhada pelos sítios mais "exóticos" que se possa imaginar. Nas primeiras décadas do século XX, quando a América cresceu e se impôs, não havia uma arma de destruição final como a bomba atómica. E quando finalmente apareceu, foi utilizada no fim da II guerra mundial para demonstrar eloquentemente quem tinha o poder e para que servia esse poder. A América selou a sua condição de super-potência e afirmou o seu império, matando dezenas de milhares de pessoas no Japão.
A bomba agora existe em quantidades enormes e nas mãos de governantes instáveis e que seguem lógicas de pouca confiança para quem ame a vida. O que se joga é a existência da Humanidade e a decisão de tal "coisa" por grupos e individuos inspirados, não necessariamente pela razão, mas por emoções e impulsos perigosos. Países como a India, a China, a Russia e o Paquistão possuem a bomba e outros com um nível de desenvolvimento humano ainda mais baixo seguir-se-ão nessa corrida macabra ao potencial de destruição massiva. O que levará esses poderes a não utilizar a arma nuclear se forem ameaçados ou se considerarem existir uma oportunidade para se expandirem ou para se vingarem contra falsas ou verdadeiras afrontas do Ocidente que eles acham vicioso e moribundo ? Que valores terão governantes não eleitos, que se sentem mandatados por deus ou por uma minoria de fanáticos, para impedir a utilização da bomba ?
Todas as Nações devem ter direito à soberania, à decisão sobre o seu futuro, à sua especificidade cultural e religiosa. Mas esta afirmação de tolerância (digamos, ocidental) não pode implicar permissividade em relação a tudo o que de letal para toda a Humanidade pode resultar de uma tal soberania e do direito à diferença, designadamente, étnica e religiosa. O problema é saber como é que na prática se pode ser "não permissivo" sem utilizar meios violentos ? Como é que o Ocidente pode efectivamente reagir de um modo eficaz se do outro lado não existe disponibilidade para o diálogo, não existe aceitação dos mecanismos multilaterais de regulação pacífica dos conflitos ? Se do outro lado, apenas existem manifestações cegas de integrismo, de despeito e de raiva ?
Para simplificar e "caricaturar": o legítimo direito de seguir uma religião não pode significar o direito de destruir a Humanidade. Talvez, então, o primeiro desses direitos se deva qualificar ou temperar com o direito que se deve sobrepôr a todos os outros, isto é, o direito à vida, não de um individuo, mas da raça humana. Porque os meios de a exterminar são agora imensamente eficazes...
O receio de que esteja em causa o direito à vida da Humanidade não tem nada a ver com antropocentrismo ou com desconfiança ou preconceito em relação a diferentes civilizações. Querer viver em paz não é católico, muçulmano, budista, hindu... ou ateu ! É simplesmente humano !
Os recursos dos Estados Unidos (designadamente, militares) estão à beira do esgotamento. A economia vive à custa da importação da poupança do resto do mundo e da aceitação do dólar como reserva de valor à escala mundial. A América estará em derrapagem, mas o capitalismo não... As potências emergentes fundam o seu crescimento na aplicação do modelo capitalista.
A consolidação do império americano nos últimos 50 anos foi compatível com uma situação (substancialmente) de paz em grande parte do mundo. É óbvio que houve guerras "locais" em que irromperam disputas pelos recursos naturais, conflitos religiosos, políticos, étnicos (Coreia, Vietname, Bósnia, Iraque, etc.). Mas, não houve guerra mundial, pesem embora a "guerra fria" e a bomba atómica. O planeta, enquanto tal, não esteve confrontado com um conflito generalizado em que se jogasse a sua sobrevivência. A América foi uma potência naturalmente interesseira e frequentemente cínica, mas, apesar de tudo, continuou a manter um certo discurso dos valores (mesmo que, muitas vezes, em contradição com a prática) : a democracia, a liberdade, etc. No fundo, o supremo valor da América foi sempre um: o dinheiro! A América nunca teve verdadeiramente instintos de destruição alheia. Tentou sempre ganhar dinheiro, defendendo a paz, mesmo que fosse podre.
Qual será o próximo império ? Haverá mais do que uma cabeça ? Desde há algum tempo, ficou na moda falar-se de mundo multipolar, especialmente, depois da queda do muro. Mas, isso não corresponderá apenas a um período de transição, até que sobressaia uma nova potência claramente dominante, eventualmente, em aliança com outras pequenas potências (uma espécie de sucursais) ? Que valores e, sobretudo, que práticas caracterizarão o novo império ? Poderemos estar tão descansados (ou tão intranquilos) como com os Americanos no que se refere à sobrevivência da Humanidade ?
O problema é que agora há a bomba atómica, espalhada pelos sítios mais "exóticos" que se possa imaginar. Nas primeiras décadas do século XX, quando a América cresceu e se impôs, não havia uma arma de destruição final como a bomba atómica. E quando finalmente apareceu, foi utilizada no fim da II guerra mundial para demonstrar eloquentemente quem tinha o poder e para que servia esse poder. A América selou a sua condição de super-potência e afirmou o seu império, matando dezenas de milhares de pessoas no Japão.
A bomba agora existe em quantidades enormes e nas mãos de governantes instáveis e que seguem lógicas de pouca confiança para quem ame a vida. O que se joga é a existência da Humanidade e a decisão de tal "coisa" por grupos e individuos inspirados, não necessariamente pela razão, mas por emoções e impulsos perigosos. Países como a India, a China, a Russia e o Paquistão possuem a bomba e outros com um nível de desenvolvimento humano ainda mais baixo seguir-se-ão nessa corrida macabra ao potencial de destruição massiva. O que levará esses poderes a não utilizar a arma nuclear se forem ameaçados ou se considerarem existir uma oportunidade para se expandirem ou para se vingarem contra falsas ou verdadeiras afrontas do Ocidente que eles acham vicioso e moribundo ? Que valores terão governantes não eleitos, que se sentem mandatados por deus ou por uma minoria de fanáticos, para impedir a utilização da bomba ?
Todas as Nações devem ter direito à soberania, à decisão sobre o seu futuro, à sua especificidade cultural e religiosa. Mas esta afirmação de tolerância (digamos, ocidental) não pode implicar permissividade em relação a tudo o que de letal para toda a Humanidade pode resultar de uma tal soberania e do direito à diferença, designadamente, étnica e religiosa. O problema é saber como é que na prática se pode ser "não permissivo" sem utilizar meios violentos ? Como é que o Ocidente pode efectivamente reagir de um modo eficaz se do outro lado não existe disponibilidade para o diálogo, não existe aceitação dos mecanismos multilaterais de regulação pacífica dos conflitos ? Se do outro lado, apenas existem manifestações cegas de integrismo, de despeito e de raiva ?
Para simplificar e "caricaturar": o legítimo direito de seguir uma religião não pode significar o direito de destruir a Humanidade. Talvez, então, o primeiro desses direitos se deva qualificar ou temperar com o direito que se deve sobrepôr a todos os outros, isto é, o direito à vida, não de um individuo, mas da raça humana. Porque os meios de a exterminar são agora imensamente eficazes...
O receio de que esteja em causa o direito à vida da Humanidade não tem nada a ver com antropocentrismo ou com desconfiança ou preconceito em relação a diferentes civilizações. Querer viver em paz não é católico, muçulmano, budista, hindu... ou ateu ! É simplesmente humano !
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