Grande Belmiro. Agora atira-se à PT... Faz lembrar o Sr Tronccheti Provera que, a partir da Pirelli, engoliu a Telecom Italia, aqui há uns anos. E talvez não seja díficil, dependendo (também) da existência de bancos que acreditem na capacidade de geração de dinheiro pela PT para pagar a montanha de dívida que será necessária para a sua própria compra. O valor bolsista da empresa, após um aumento superior a 20% da cotação hoje, atingindo mais de 10€ por acção, é de qualquer coisa como 11-12 biliões de euros... Belmiro não tem que chegue e, mesmo que tivesse, preferiria recorrer a dívida. O homem é perito nessa técnica do "leverage", isto é, em utilizar dinheiro alheio para comprar activos que depois se tornam seus e que geram cash suficiente para reembolsar os credores e para pagar juros e dividendos. Até agora tem sido assim... O futuro pertence aos audazes! O leverage funciona para ambos os lados: para cima e para baixo. E quando dá para o torto quem se lixa, essencialmente, são os bancos!
Também depende (e sobretudo) da aceitação pelos actuais accionistas da PT do preço proposto por Belmiro. Parece que Belmiro ofereceu (só) 9.5€ por acção... Quem são esses accionistas? O capital encontra-se razoavelmente disperso; senão vejamos: Telefónica de Espanha: 10%; fundo de investimento Brandes: 9%; grupo Espírito Santo: 8%; grupo Capital: 6%; Caixa Geral de Depósitos: 5%; outros com menores percentagens individualmente: 62% (incluindo o Estado com 2% - esta participação envolve direitos especiais, do tipo "golden share").
Telecomunicações é um sector fundamental de qualquer economia, particularmente nesta fase de "economia da informação". O homem atingiria um peso ainda maior no conjunto da economia portuguesa se juntarmos a distribuição, o imobiliário, a indústria e as telecomunicações. Quase um Estado dentro do Estado... Poder-se-ia cair numa situação próxima de conglomerado beneficiando de posição dominante, conceito tipificado no direito da concorrência (designadamente, no que se refere a sectores específicos). Haveria legitimidade de intervenção estatal usando argumentos do tipo "anti-trust"? Seja como for, o país dependeria ainda mais da sorte (até agora mais ou menos risonha) de um só homem e dos seus acólitos. Ou dever-se-ia deixar o mercado agir livremente? Estou obviamente a excluir a possibilidade de o Estado ajudar o homem nesta sua tentativa, o que seria apenas mais uma ajuda... esta, verdadeiramente, de monta, considerando os valores e os interesses envolvidos.
Será que o homem está apertado na Optimus e considera que apenas um salto em frente do tamanho da PT poderá corrigir uma situação embaraçosa ?
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