I
«Passei de pai da Pátria a mau da fita», Mário Soares dixit. O senhor anda mesmo com excessos: errou nos dois estados em que diz ter caído.
II
E se houvesse um país bem real onde há gente que ri, que chora, que se engana, que faz coisas bonitas e úteis, que se chateia, que tem amigos, que come e bebe coisas boas, que tem preocupações normais com os pais e com os filhos e com os colegas, um país que prossegue nas suas certezas e nas suas dúvidas, nas suas forças e nas suas fraquezas, nos seus méritos e nos seus defeitos, um país mais ou menos como os outros e mais ou menos diferente dos outros, um país que vive, que respira, que vibra (também com pouca coisa), um país que sonha, que quer ser feliz, mas que também está triste, de vez em quando, um país que vive, um país que existe de verdade?
E se houvesse esse país, em vez do país da primeira página do jornal Expresso, do país pintado por políticos profissionais, por jornalistas à caça de "share" e por intelectuais encartados que adoram o catastrofismo porque não sofrem, eles próprios, reais dificuldades, porque desconhecem o palpitar da Nação concreta, porque fazem uma média (não ponderada) das poucas situações (folclóricas) que conhecem e a confundem com a realidade, porque querem ter uma "missão" a todo o custo com um objectivo final de uma grandiosidade nebulosa, porque precisam dessa putativa "missão" que ninguém lhes confiou (salvo eles mesmos) para justificar uma parca existência e "magníficas" lucidez e competência?
Portugal é um país real. Portugal existe! Desculpem a aparente banalidade. Porque não é uma banalidade ou uma tautologia. É preciso que se diga e que se repita... Portugal não é uma caricatura, nem um enredo de uma novela de segunda categoria, escrita por autores mais ou menos falidos que continuam, incrivelmente, a ter acesso a meios de comunicação de massa das suas patetices. O mal é que os portugueses reais (não os que eles produzem) podem ser tentados a ler a realidade pelas fábulas que essa gente lhes conta...
III
E sabem que mais? Acho que as Presidenciais não são assim tão importantes.
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