quinta-feira, janeiro 19, 2006

Outras presidenciais...



Então não é que Chirac anunciou hoje que poderia utilizar armas nucleares contra os agressores da França... O homem anda mesmo taralhouco... depois de se ter calado enquanto a cólera explodia nas periferias urbanas, depois de ter repetido a fantochada dos votos de Ano Novo aos pequenos e grandes serventuários do Estado, depois de ter dito que o grande desígnio da política tecnológica da França era o de liderar um Google europeu...

Quem se ri de tudo isto é o pequeno/grande Sarkozy (Ministro do Interior do governo Villepin) que, de farpa em farpa, vai reforçando a sua candidatura a candidato à Presidência francesa, como representante da direita. Sarkozy é um daqueles homens com um ego incomensurável, convicto e obstinado, que sonha com o Palácio do Eliseu e que proclama esse sonho sem qualquer hesitação.

À esquerda, perfila-se a Senhora Ségolène Royal como candidata às próximas presidenciais que terão lugar em meados de 2007. È muito culta, distinta, já foi ministro e é casada com François Hollande, o (contestado) lider do Partido Socialista. Também em França, o PS está num caos. Laurent Fabius (antigo Primeiro-ministro e Ministro da Saúde, enredado num escândalo de sangue contaminado) é um dos principais opositores a Hollande. Mas, as facções internas são mais do que muitas, lideradas por personagens como Henri Emmanuelli ou Dominique Strauss-Kahn. Ségolène Royal pode beneficiar de uma certa dinâmica mundial a favor das mulheres-Presidente (casos recentes do Chile, Libéria, Alemanha e Finlândia).

E depois, há o carismático Senhor Le Pen, mais populista e xenófobo do que nunca, que vai lentamente capitalizando a raiva e as frustrações do "peuple d'en bas" e que já provocou alguns calafrios nas últimas presidenciais de 2002 ao apresentar-se como uma alternativa "séria" a Chirac. Aliás, se teve algum mérito, o mandato de Chirac teve o de ajudar a travar a progressão da extrema-direita.

Como se pode ver, também em França, as presidenciais são coloridas e os franceses têm amplas razões de queixa da sua caríssima "classe política". "À suivre".

3 comentários:

Alice disse...

Ena!!! Afinal não é só em Portugal que a política é uma novela mexicana
;)

Miguel disse...

Conclusão absolutamente pertinente. É preciso conhecer o resto do mundo para não ficar tão deprimido com o que se passa intra-muros e para relativizar os nossos dramas.

B. César disse...

Quando existe crise a demagogia e as soluções fáceis reinam em todo lado! Não só em Portugal!