Parece que o Sr Mourinho recebeu hoje mais uma condecoração, uma medalha de mérito, não sei qual, atribuida pelo Presidente da Républica. Não discuto a valia nem os critérios para a distribuição tão prolixa de tais medalhas. Seguramente, o Sr Mourinho mereceu-a. Já ganhou centenas de jogos de bola, não sei quantas taças em Portugal e lá fora, elevou o nome de Portugal bem alto (não sei o que isso significa nem porquê, mas está bem...), ganhou muito, muito dinheiro, fez não sei quantos spots publicitários, etc, etc.
Dizem que o Sr Mourinho é muito importante porque transmite um ideal de sucesso, de conquista e de ambição que, parece, anda a faltar no país. Mas, eu estou-me nas tintas para esse estilo de sucesso em que se destacam a obsessão de ganhar, a agressividade, a frieza do olhar, o insulto (se for preciso para desequilibrar os adversários), a antipatia, a falta de escrúpulos, a má educação, a fixação nos objectivos e o desprezo pelo conteúdo ético dos meios. Não gosto que a imagem de Portugal seja confundida com um tal instinto predatório. Na verdade, os meus amigos estrangeiros referem-se a Mourinho com alguma admiração pela repetição dos bons resultados desportivos mas, ao mesmo tempo, com condescência e, nalguns casos, com aversão.
O Sr Mourinho parece sofrer de uma fixação esquizofrénica no sucesso. Falta-lhe humanidade. Não é este o sucesso de que precisa Portugal.
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