Apetece-me olhar pela janela e ver outro mundo
no meio da noite reflectida no chão molhado.
Assim, os olhos deixariam de doer de cansaço
e o sono passava a ser apenas uma outra forma de descansar acordado.
Estar atento sem medo de amanhã,
sem cair na monotonia dos ritmos sem sentido.
Pensar que o sentido está já ali,
ao virar da esquina,
e que o mundo é apenas aquilo que dele eu quiser fazer.
Deixar-me andar por aqui abaixo,
nesta torrente de pensamentos vagabundos,
nesta lógica automática que me leva não sei aonde.
Nem quero saber aonde,
desde que seja a outro sítio,
onde tenha que me descobrir outro,
renovado e renascido,
sem depender do olhar de nenhuma fera
que me ponha à defesa.
Os olhos ardem-me e o corpo verga-se ao tempo implacável,
espécie de tortura vagarosa com espasmos e ilusões de alegria.
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