Abordarei neste terceiro episódio o mercado da BATATA. Antes de mais o mercado interno.
Por cá, a BATATA tem múltiplas e variadas aplicações. Há BATATAS a murro, BATATAS cozidas, BATATAS fritas, BATATAS alouradas, BATATAS no forno, puré de BATATA... As BATATAS a murro são as minhas preferidas. Permitem metabolizar tensões (durante o seu processo de transformação) e, ao mesmo tempo, são saborosíssimas (durante o seu processo de consumo), em especial, com bacalhau na brasa. Estas são, apenas, algumas das aplicações culinárias da BATATA. A BATATA é omnipresente à mesa dos portugueses, tanto ou mais do que o arroz à mesa dos chineses ou a massa à mesa dos italianos. A BATATA (ou nuances mais ou menos banalizadas da mesma) é o acompanhamento de quase tudo.
Depois, há variantes da BATATA que tocam outros domínios da vida nacional. Por exemplo, a BATATADA. Muita gente anda por aí à BATATADA. Ora é preciso fornecer BATATAS para que não falte o ingrediente aos gladiadores. O produto para esse fim deve ser razoavelmente rijo e de grandes dimensões para surtir o efeito desejado, isto é, para agredir com eficácia os adversários. De preferência, a BATATA da BATATADA deverá exibir pretuberâncias ou saliências potencialmente cortantes. Estão a ver a BATATA grelada? Acho que essa será a mais adequada ao desempenho da função em apreço apesar de, nessa fase, a consistência não ser a melhor... Já viram o que seria jogar à BATATADA com BATATAS moles e pequenas? Dava qualquer coisa parecido com a porrada dos tomates que se realiza todos os anos numa cidade espanhola de que não me lembro o nome. (Será Pamplona? Ou essa é só a dos toiros que mandam para o hospital ou para a morgue alguns daqueles jovens, voluntariosos e visionários, que trocam a vida por alguns minutos de adrenalina exacerbada? Ando com falhas de memória - é a velhice...) Muito sumo, muita nódoa, muita risada, mas nada que fizesse mal. Ora, com a BATATADA, apesar de sermos um povo de brandos costumes, quer-se deixar vestígios de dor dignos de recordação. A BATATA da BATATADA deve deixar o vencedor claramente por cima e o vencido convenientemente humilhado.
Outro mercado potencial para a BATATA é o da lógica da BATATA. Este é um tipo de lógica muito em voga no país e que precisa de fornecimento adequado de matéria-prima. Os mentores da lógica da BATATA necessitam do objecto da dita-cuja para se concentrarem nos temas que os dilaceram. Diria que, para esta finalidade, a BATATA deve ser volumosa e redondinha, deve ter uma curvatura harmoniosa e uniforme, enfim, deve ser o mais esférica possivel. E sabem porquê? Porque, antes de mais, a BATATA deve ser bem visível, mesmo quando o mentor da respectiva lógica se distancia nas infinitas deambulações pelo espaço físico onde se perdem os seus silogismos. Por outro lado, a BATATA da lógica-com-o-mesmo-nome deve ser bem circular para permitir ao “artista” a quadratura do círculo. A quadratura do círculo, sim senhor ! Essa famosa e suprema realização da lógica da BATATA, elixir de todo o exercício intelectual centrado na BATATA. Penso que a lógica da BATATA deva ser o paradigma fundamental para (re)pensar toda a problemática económica, social, política e científica despoletada pela colocação da BATATA no centro das prioridades necionais.
Por hoje, já me estendi demais. Fica para o próximo episódio a abordagem do mercado externo da BATATA, essa varinha mágica da salvação nacional que ainda não vi debatida, com rigor e seriedade, durante a campanha para as presidenciais.
Sim, porque depois de várias décadas a bater na mesma tecla (mas, o piano parece mudo...), o pessoal descobriu agora que é um imperativo nacional promover as exportações (obviamente da BATATA). Exportações ou morte! - diz o Prof. António Borges do alto da sua cátedra de economista omnisciente e, ainda por cima, bem pago e admirado pelos trogloditas do seu partido. Mas, ele terá algum partido, além do partido do seu próprio umbigo? Borges ao poder, já! Ele sim, que já percebeu tudo. Deixem o homem dar a volta a isto. Qual Marques Mendes, qual carapuça... Esse é só um pequenates a aquecer o lugar onde se sentará, mais tarde ou mais cedo, seráfico, o Prof. Borges. O Mendes só está a gerir a transição, enquanto os socialistas continuam a afundar-se no meio dos elogios do Prof. Cavaco que se rende, generosamente, à coragem política do Eng. Sócrates para tirar privilégios a quem os não tem e para parecer que tira a quem os continuará a ter...
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