Um desacato entre dois patos nunca dura muito tempo. Para
libertar toda a energia negativa acumulada durante uma briga qualquer, cada
pato bate vigorosamente as asas várias vezes, separam-se e voam cada um para
seu lado. Em paz e como se nada tivesse acontecido. Agora imaginemos, por um
momento, que estes patos pensam como os seres humanos. A história seria, então, mais ou menos a
seguinte (o pato voava na mesma, mas manteria a ofensa viva remoendo
constantemente as mesmas palavras, frases e pensamentos): “não
posso crer o que ele me fez , ele veio em cima de mim, invadiu o meu espaço,
não tem consideração nenhuma! Pensa que o lago é todo dele, nunca mais confio
nele. Tenho a certeza que ele já está a elaborar um esquema qualquer para me
chatear e tramar ainda mais a vida, mas isto não fica por aqui, ele há-de pagar
pelo que me fez!”. Por outras
palavras: a indignação continuaria, sabe-se lá por quanto tempo e com que
consequências.
Um conto de Eckhart Tolle
E
assim são os seres humanos e os seus pensamentos. Sempre a matutar na mesma
coisa: dias e meses a fio ... anos após o sucedido. Mesmo que nunca mais veja o seu
adversário, o resultado é qualquer
incidente, por muito insignificante que
seja, ficar eternamente imprimido na mente de cada um e, pior ainda,
reflectir-se nas acções de cada um. O cenário é, então, mais ou menos este:
“B”, chateado com algo que “A” lhe fez, faz “C” pagar as favas pela sua má
disposição e “C”, por sua vez, é malcriado com “D” (e por aí fora)...enquanto
que “A” ou nunca se apercebeu do que disse/fez ou, então, já se esqueceu de tudo.
Isso e viver no passado, sempre a remoer nos “I should haves/I could haves” da
vida. Então sofrer por antecipação nem se fala ... Qual de nós não é culpado
disto? E depois os outros é que são os animais irracionais?
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