terça-feira, fevereiro 18, 2014

Um pato com mente humana



Um desacato entre dois patos nunca dura muito tempo. Para libertar toda a energia negativa acumulada durante uma briga qualquer, cada pato bate vigorosamente as asas várias vezes, separam-se e voam cada um para seu lado. Em paz e como se nada tivesse acontecido. Agora imaginemos, por um momento, que estes patos pensam como os seres humanos.  A história seria, então, mais ou menos a seguinte (o pato voava na mesma, mas manteria a ofensa viva remoendo constantemente as mesmas palavras, frases e pensamentos):  não posso crer o que ele me fez , ele veio em cima de mim, invadiu o meu espaço, não tem consideração nenhuma! Pensa que o lago é todo dele, nunca mais confio nele. Tenho a certeza que ele já está a elaborar um esquema qualquer para me chatear e tramar ainda mais a vida, mas isto não fica por aqui, ele há-de pagar pelo que me fez!”.  Por outras palavras: a indignação continuaria, sabe-se lá por quanto tempo e com que consequências.

Um conto de Eckhart Tolle

E assim são os seres humanos e os seus pensamentos. Sempre a matutar na mesma coisa: dias e meses a fio ... anos após o sucedido.  Mesmo que nunca mais veja o seu adversário,  o resultado é qualquer incidente, por muito  insignificante que seja, ficar eternamente imprimido na mente de cada um e, pior ainda, reflectir-se nas acções de cada um. O cenário é, então, mais ou menos este: “B”, chateado com algo que “A” lhe fez, faz “C” pagar as favas pela sua má disposição e “C”, por sua vez, é malcriado com “D” (e por aí fora)...enquanto que “A” ou nunca se apercebeu do que disse/fez ou, então, já se esqueceu de tudo. Isso e viver no passado, sempre a remoer nos “I should haves/I could haves” da vida. Então sofrer por antecipação nem se fala ... Qual de nós não é culpado disto? E depois os outros é que são os animais irracionais?
 

Sem comentários: