Perdi
hoje o meu querido gato, após quase 18 anos. Era um macho a que decidi chamar
Missy (penso que nunca se importou...). Era de
raça Maine Coon, todo
preto, portador de olhos verdes muito expressivos e brilhantes. Uma vez, numa
bela tarde de domingo, quando ainda era
muito pequenino, resolveu vir até ao nosso quintal fazer-nos uma visita; apesar
de esfomeado, era muito brincalhão e foi um verdadeiro “amor à primeira vista.”
Depois de saber que tinha sido abandonado por um vizinho dei-lhe de comer,
passei a levá-lo ao veterinário...e até hoje. É com um nó na garganta e uma
autêntica queda de águas livres pela cara abaixo que escrevo isto. Julgava que as lágrimas já me tinham secado.
Adorava frango de
churrasco, fiambre e bifinhos de peru. Aos fins de semana, quando eu tenho mais
tempo, saltava-me para cima do colo assim que cheirava o café da manhã e ronronava
de felicidade com o cheirinho enquanto eu lhe “catava o piolhinho”. Muito
gostava aquele bicho de mimos...mas como bom gato que era, tinha de estar
disposto a recebê-los.
Conhecia o
barulho dos nossos carros, esperava por nós no parapeito da janela e assim que
metia-mos a chave à porta estava sempre sentado do outro lado a olhar para nós;
entravamos em casa, dava meia volta e ia à sua vida. Tal qual um cão sem metade
do trabalho.
Foi pouca a
temporada em que nunca vivi sem, pelo menos, um animal de estimação. Já estão
todos a fazer tijolo há muito tempo, mas não me lembro de derramar tanta
lágrima como hoje. É isto que acontece quando nos apegamos a algo, a alguém ou
a qualquer outro ser vivo; mais cedo ou mais tarde acabamos por perder todos e
tudo o que é importante para nós. Em
dias como este pergunto-me se vale realmente a pena, mas depois recordo-me das
palavras do eterno Pablo Neruda, “O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido”.
É por isso que
passamos a vida a “substituir” amizades, amantes e animais de estimação, num
contínuo cair e levantar, acabar e recomeçar. Assim é a montanha russa desta
bela-filha-da-%#!@ chamada vida.
Quem é que vai agora estar à
minha espera?
Tenho dito!
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