sábado, outubro 19, 2013

O “problema” dos idosos: 3 abordagens diferentes



De acordo com o filósofo chinês Confúcio, cuidar dos seus anciãos nada mais é do que o dever e obrigação dos mais jovens; porém a China de hoje não é a China de então, os laços familiares estão cada vez mais erodidos e o jovem chinês está cada vez mais parecido com o jovem ocidental. Para resolver o problema de idosos abandonados, o governo chinês promulgou uma lei a obrigar as gerações mais novas a visitar as gerações mais velhas, a obrigar as empresas a conceder uma licença aos trabalhadores para que tal seja possível e a autorizar os pais a processar os filhos ausentes com uma acção em tribunal.  Em princípio esta parece-me uma atitude de louvar, mas quanto mais penso no assunto mais me convenço que não seria para mim.  É que isto parece-me “obrigação” (dever) a mais. 

Acho importante dar a saber aos nossos entes queridos que temos sempre a porta aberta e que estamos disponíveis para o que for preciso, mas andar atrás de outros que não querem saber de mim ou fazer dramas e fitas por causa disso nunca foi comigo. O respeito, tal como o amor, não é automático, ambos têm de ser merecidos. E quando o afastamento é devido à dor, acho o perdão extremamente importante (ou não fossemos todos seres humanos, com todas as falhas que isso implica – os  religiosos dizem que somos todos pecadores – ) mas também acho que em relações problemáticas a distância pode acabar por se tornar “just what the doctor ordered.” No início devemos dar a todas a relações “o benefício da dúvida” (partir do príncipio que todos têm as melhores intenções) mas, depois, depende das atitudes e actos de cada um. Além disso não teria interesse nenhum em forçar filho meu que não quisesse saber da mãe para nada a estar comigo – preferia ir viver para debaixo de uma ponte!...    

Entretanto: enquanto que em Portugal há idosos abandonados nos hospitais por familiares que não se estão para maçar, nos EUA os hospitais mandam os doentes que possam receber tratamento ao domicílio para casa, independentemente desses mesmos doentes terem, ou não, domicílio: “It’s their problem, not ours; we’re not in the charity business.”

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