Os problemas de Portugal são essencialmente problemas dos portugueses. Os problemas de Espanha ou da Itália são grandes problemas também dos alemães e de toda a zona euro. Quanto aos problemas crescentes de França… nem se fala! Aqui “problemas” quer dizer défice orçamental, dívida pública, recessão, desemprego, défice externo. Há os países sistémicos e os outros. Dos países sistémicos depende a sobrevivência do euro e da própria União Europeia. Por isso têm de ser tratados com luvas de pelica. São sistémicos pelas suas dimensões e pelo seu poder político e económico. O castigo da austeridade (como se fosse receita inevitável) nunca assumirá as mesmas proporções do que se passa nos países não-sistémicos, periféricos. Com o sofrimento dos portugueses podem bem os alemães, holandeses e finlandeses. Será um sofrimento circunscrito, doméstico. Simplesmente, como dizia George Orwel no seu “Animal Farm”, “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. E o poder é aquele que se tem. E há factores de poder que são inexpugnáveis, tal como ter não sei quantas vezes mais população, território ou dinheiro.
http://en.wikipedia.org/wiki/Realpolitik
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