domingo, março 17, 2013

O ideal e a náusea do conhecimento

Não resisto a traduzir um excerto de um texto magnífico publicado no suplemento Babelia do El País de ontem. O texto intitula-se "Donde està la gran filosofía" e o autor chama-se Javier Gomá Lanzón.

Aqui vai:

"A consciência faz-nos livres e inteligentes. E depois? Quem nos dias de hoje faz alarde de resignação costuma receber o aplauso geral. Que lúcido!, diz-se desse pessimista satisfeito, como se o seu fatalismo fosse a última palavra sobre o assunto, merecedor de um "arquivado" com que Mynheer Peperkorn conclui as discussões na "Montanha Mágica" de Thomas Mann. Mas, o próprio Mann no seu relato favorito, Tonio Kröger, alerta para os perigos desse excesso de lucidez que conduz às "náuseas do conhecimento", como as que estragam o gosto desses espíritos delicados que sabem tanto de Ópera que nunca desfrutam um espectáculo, por melhor que seja, porque sempre o acham detestavel. A hipercritica é paralisante se seca as fontes do entusiasmo e fossiliza aquelas forças criadoras que nos elevam ao melhor. Apenas o ideal promove o progresso moral colectivo; sem ele estamos condenados a conformar-nos à ordem estabelecida. Preservar na vida uma certa ingenuidade é uma lição de sabedoria porque permite sentir o ideal ainda antes de defini-lo.

Se, após estes últimos 30 anos, a filosofia quiser recuperar-se como grande filosofia, deve encontrar maneira de propor um ideal cívico para o homem democrático... e fazê-lo, além do mais, com bom estilo.”

Sem comentários: