Aqui vai:
"A consciência faz-nos livres e inteligentes. E
depois? Quem nos dias de hoje faz alarde de resignação costuma receber o
aplauso geral. Que lúcido!, diz-se desse pessimista satisfeito, como se o seu
fatalismo fosse a última palavra sobre o assunto, merecedor de um
"arquivado" com que Mynheer Peperkorn conclui as discussões na
"Montanha Mágica" de Thomas Mann. Mas, o próprio Mann no seu relato
favorito, Tonio Kröger, alerta para os perigos desse excesso de lucidez que
conduz às "náuseas do conhecimento", como as que estragam o gosto
desses espíritos delicados que sabem tanto de Ópera que nunca desfrutam um
espectáculo, por melhor que seja, porque sempre o acham detestavel. A
hipercritica é paralisante se seca as fontes do entusiasmo e fossiliza aquelas
forças criadoras que nos elevam ao melhor. Apenas o ideal promove o progresso
moral colectivo; sem ele estamos condenados a conformar-nos à ordem
estabelecida. Preservar na vida uma certa ingenuidade é uma lição de sabedoria
porque permite sentir o ideal ainda antes de defini-lo.
Se, após estes últimos 30 anos, a filosofia quiser
recuperar-se como grande filosofia, deve encontrar maneira de propor um ideal
cívico para o homem democrático... e fazê-lo, além do mais, com bom estilo.”
Sem comentários:
Enviar um comentário